Pesquisa Green Savers : quantas centrais nucleares existem no mundo?
A 19 de Janeiro de 2011, menos de dois meses antes da tragédia de Fukushima, existiam em todo o mundo 442 centrais nucleares, divididas por 30 países e com uma capacidade eléctrica instalada de 375 GW, de acordo com a ENS (European Nuclear Society).
Na mesma data, estavam em construção – e estão – 63 outras centrais nucleares em 16 países, representando um total de 63 GW, explica ainda a ENS,
Os Estados Unidos, com 104 centrais, lideram esta lista, seguidos da França, com 58 centrais, Japão, com 54, Rússia (32), República da Coreia (21), Índia (20), China e Reino Unido (19), Canadá (18) e Alemanha (17).
A lista conta também com países como a nossa vizinha Espanha, com oito centrais nucleares, Bélgica (7), Bulgária, Argentina e Brasil (2), Hungria e Finlândia (4) ou Arménia, Holanda, Roménia e Eslovénia (1).
Confira a lista na íntegra.
Em relação aos países que estão neste momento a construir centrais nucleares, destaque para a China, onde se prevê que “nasçam” 50 centrais nos próximos anos (e outras 110 estão já em fase de projecto), Rússia (11), Índia e República da Coreia (5), Ucrânia e Bulgária (2).
Recorde também aqui as principais reacções dos Governos aos eventos de Fukushima:
Estados Unidos
Depois da trajédia de Fukushima, o país liderado por Barack Obama – que lidera em número de centrais nucleares e tem outra em construção – reforçou o apoio ao projecto nuclear. Aqui, democratas e republicanos estão de acordo. Ainda assim, ao longo últimos dias a discussão sobre a segurança das centrais nucleares foi alvo de debates na comunicação social.
Reino Unido
O Reino Unido não tem nenhuma central nuclear em construção, mas o Governo negou que estes projectos estejam em perigo de serem vetados num futuro próximo. Ainda assim, foi ordenada uma revisão dos planos de segurança das actuais 19 centrais britânicas.
França
A segunda maior potência mundial em centrais nucleares está numa situação curiosa em relação a este tema. A população apoia há vários anos este investimento estratégico – por alguma razão a França tem 58 centrais nucleares, com outra a caminho – mas ainda assim a tragédia de Fukushima levou a algum burburinho na comunicação social.
Alemanha
Como já referimos várias vezes no Green Savers – e pelo que referimos aqui, aqui e aqui – o caso alemão foi o mais complexo de gerir, tirando o japonês, pelo seu Governo. O tema já estava em cima da mesa há alguns meses, uma vez que Angela Merkel ordenou o prolongamento do funcionamento de várias centrais nucleares, mas esta ordem foi revogada horas depois da tragédia japonesa. Mais recentemente, a chanceler alemã perdeu as eleições no estado de Baden-Württemberg, que até então nunca tinha deixado as mãos do seu partido, a CDU, e logo para os verdes. Porquê? Adivinhem…
China
O caso chinês é um dos mais complicados. O país tem “apenas” 19 centrais nucleares – 13 no Continente e seis em Taiwan – mas tem previsto a curto prazo a construção de mais 29, segundo a European Nuclear Society. Mas segundo algumas fontes, incluindo o Financial Times, os chineses pretendem construir nos próximos anos cerca de 50 centrais nucleares, o que a tornaria na segunda maior potência mundial na geração de energia nuclear. Por outro lado, há propostas para outras 110 centrais a médio prazo. O Governo chinês suspendeu a aprovação de novos projectos para centrais nucleares e prometeu rever alguns dos seus planos nesta matéria, mas não passa pela cabeça de ninguém que a forte estratégia chinesa nesta área seja colocada de parte – ou até reduzida.
Japão
Antes de Fukushima, as centrais nucleares correspondiam a 30% do total de energia consumida pelos japoneses e os planos indicavam que, até 2030, esta percentagem iria subir para os 50%. Ainda que o Governo japonês esteja demasiado ocupado a lidar com outros problemas directamente relacionados com Fukushima, não é expectável que o Japão abdique de alguma central nuclear. Pelo menos nos próximos tempos.
Índia
Tal como a China, a Índia precisa urgentemente de novas formas de produção de electricidade, e para além das 20 centrais nucleares já existentes, está a construir já outras cinco – segundo algumas fontes, a Índia estará a propor a construção de mais 40 centrais. O Governo ordenou uma revisão dos sistemas de segurança de todas as centrais existentes e em construção.
Portugal
Portugal não tem, de momento, nenhuma central nuclear, apesar de o debate já ter vários anos. A luta pela vinda da energia nuclear par Portugal é liderada por Patrick Monteiro de Barros, Pedro Sampaio Nunes e Mira Amaral – este último defensor de uma solução ibérica – mas até agora não tem conseguido convencer os governantes. A tragédia de Fukushima que também não terá ajudado os apoiantes da energia nuclear a convencer a população portuguesa.