Alterações climáticas: 60% das plantações selvagens de café em risco de extinção



Duas décadas de pesquisa revelaram que 60% das plantações de café do mundo estão em risco de extinção devido às ameaças combinadas pela desflorestação, pragas e alterações climáticas.

Os dados foram divulgados na revista ”Science Advances” e no jornal ”Global Change Biology” e citados pelo britânico ”Independent”, que explicam também que o café-arábica (um tipo de planta), o café mais consumido do mundo, está entre os mais ameaçados, o que leva a cientistas e investigadores a questionarem a sobrevivência da espécie a longo prazo.

Estes resultados são preocupantes para os milhões de agricultores em todo o mundo que dependem da sobrevivência contínua do café para sua subsistência.

À medida que as condições no mercado do café se tornam mais difíceis, os cientistas prevêem que o mercado vai precisar de contar com variedades silvestres para desenvolver linhagens mais resistentes ao clima. Atualmente, o café-arábica representa 60% da indústria mundial de café que é avaliada em mais de mil milhões de dólares.

Em Portugal, nos últimos três anos o consumo e a produção de café em aumentou. Segundo o estudo sectores “Café” publicado pela Informa D&B, o mercado cresceu cerca de 3,1% em 2017, registando 500 milhões de euros.

As exportações de café situaram-se nos 66 milhões de euros, o que representa um crescimento de 1,5%, enquanto as importações colocaram-se nos 116 milhões de euros registando assim uma queda de 0,9%. Espanha é o principal destinatário das exportações portuguesas, assumindo 35% das mesmas.

Já a produção de café registou 450 milhões de euros, um crescimento de 3,9% em 2017, face a período homólgo do biénio 2015-2016.

O novo estudo realizado por uma equipa britânica sedada no Jardim Botânico Kew Gardens foi o primeiro a avaliar a estado atual de todas as 124 espécies de cafeeiro que são cultivados em África e na Ásia. “Uma percentagem de 60% de todas as espécies de café em risco de extinção é extremamente alta, especialmente quando se compara isso a uma estimativa global de 22% das plantas em risco de extinção”, disse Eimear Nic Lughadha, que lidera a unidade de avaliação do planeta.

“Algumas das espécies de café avaliadas não são observadas na natureza há mais de 100 anos, e é possível que algumas já estejam extintas”, vincou.

Os mesmos cientistas da Kew trabalharam com colaboradores etíopes para concluir que a principal ameaça destas plantas são as alterações climáticas. Os cafeicultores que cultivam esta espécie – assim como o café robusta, que compõe os outros 40% do mercado do café – afirmam que os seus terrenos de cultivo foram afetados pelos longos períodos de seca.

Os cientistas realçaram o papel que o café selvagem pode ter para garantir que o setor cafeeiro sobreviva num mundo em constante mudança. “Entre as espécies de café em risco de extinção estão aquelas que têm potencial para serem usadas para reproduzir e desenvolver o café do futuro, incluindo aqueles resistentes a doenças e capazes de resistir a condições climáticas”, disse Aaron Davis, chefe de pesquisa de café da Kew

Após os resultados das pesquisas, a equipa britânica pediu que fossem tomadas medidas urgentes para proteger as espécies de café tanto na natureza como em instalações especiais, nomeadamente os bancos de sementes.





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