As pessoas que desistem de usar plástico



O Royal College of Obstetricians and Gynaecologists alertou, na semana passada, para que as mulheres grávidas adoptem uma “abordagem preventiva”, evitando o consumo de alimentos em recipientes de plástico. Segundo o relatório, algumas substâncias tóxicas encontradas em certos plásticos podem prejudicar o desenvolvimento fetal normal. Outras também têm sido associadas ao cancro da mama e da próstata, a doenças cardíacas e a disfunções sexuais.

Para além da saúde, outro problema ligado ao plástico é claramente o desperdício. Metade de todos os resíduos plásticos gerados na Europa seguem para aterros, de acordo com a União Europeia, longe da hipótese de reciclagem.

Mas estas não são apenas preocupações dos especialistas. Alguns cidadãos comuns já estão a desistir do uso do plástico. É o caso de Thomas Smith, de 25 anos, a viver em Manchester. Ele começou por deixar de usar sacos de plástico, mas não satisfeito com a medida removeu completamente o material da sua vida.

Frutas, vegetais, papel higiénico, escova dos dentes – ele passou apenas a comprar produtos que não fossem embalados em plástico. A tarefa revelou-se difícil e o jovem viu-se mesmo obrigado a criar o seu próprio sabonete. Comprar em lojas pequenas ou pela internet não ajudou muito à missão – de facto, quase tudo à nossa volta faz uso de plástico. Passados seis meses – e menos 5 Kg – viu-se obrigado a desistir.

Beth Terry, de 48 anos, na Califórnia, foi capaz de viver livre de plásticos durante seis anos. Tomou a decisão depois de perceber o impacto que o material tinha nos mares – cerca de 80% das manchas de resíduos que ocupam os oceanos Atlântico e Pacífico.

A produção anual de plástico em todo o mundo aumentou de 1,5 milhões de toneladas, em 1950, para 245 milhões de toneladas, em 2008. Só na Europa, são produzidas cerca de 60 milhões – valor que se espera continuar a crescer a um ritmo de 5% ao ano. Neste momento, é urgente não só tornar o plástico reciclável, como evitar a sua produção excessiva para aplicações que não são obviamente úteis.

De acordo com a ONU, os ingredientes químicos de mais de 50% dos plásticos são perigosos. O bisfenol A (BPA) é talvez o mais famoso e pode ser encontrado em produtos como embalagens de alimentos, equipamentos médicos, colas, brinquedos, mobiliário e equipamentos eléctricos. Já foi banido de produtos de cuidados infantis – está ligado ao cancro em adultos e a desequilíbrios hormonais em fetos e bebés.

Os ftalatos usados para malear o plástico também têm sido associados a danos no sistema reprodutivo, aumento do risco de asma e cancro, revela o The Independent. Muitos foram proibidos na UE, em brinquedos infantis e certos tipos de embalagens de alimentos. São também utilizados no fabrico de lubrificantes, cosméticos, equipamentos médicos, tintas e embalagens.





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