Cientistas em missão de resgate para salvar o máximo de corais possível de onda de calor marinha na Flórida
A Coral Restoration Foundation desde 2007 que tem trabalhado para revitalizar os recifes de coral nas águas da Flórida, nos Estados Unidos da América. Através de berçários nos quais cuidam dos pequenos pólipos e ajudam-nos a sobreviver, os investigadores têm vindo a ‘replantar’ várias áreas onde os corais estão em risco de desaparecer ou já não se encontram.
No entanto, agora os cientistas dessa organização têm uma missão um pouco diferente: resgatar o máximo de corais possível das águas da Flórida para evitar que morram por causa da onda de calor marinha que tem vindo a devastar os recifes nessa região costeira.
O trabalho, que ainda decorre, começou em julho, antecipando o aumento da temperatura marinha que se esperava para os meses de verão, e concentrou-se sobretudo no salvamento de espécies de corais duros, semelhantes às hastes de cervídeos, do género Acropora.
A intervenção de resgate tem concentrado esforços no santuário de vida marinha das ilhas Keys, um arquipélago ao largo da costa da Flórida, e os espécimes recuperados têm sido encaminhados para instalações em terra, onde esperam que possam recuperar dos sinais de branqueamento que muitos já apresentam.
Numa mensagem publicada no portal online da Coral Restoration Foundation, o responsável da organização, Scott Winters, reconhece que alguns corais serão perdidos, “particularmente se as temperaturas oceânicas elevadas continuarem e se expandirem para norte”.
Ainda assim, afirma que “a situação é grave”, mas que ainda há margem para ter esperança, e que “esta crise deve ser vista como um alerta, enfatizando a necessidade para esforços globais concertados para combater as alterações climáticas”.
Jessica Levy, diretora de estratégias de restauro da Coral Restoration Foundation, explica que “apesar desta adversidade, continuaremos o nosso trabalho para resgatar tantos corais quanto conseguirmos”, e que o objetivo da missão é também criar um ‘banco genético’ que permita recuperar os recifes que sofrerem perdas por causa da onda de calor marinha.
“Preservar esta diversidade é fundamental para a sobrevivência e resiliência a longo-prazo dos nossos recifes”, afirma Levy.
Através de mergulhos de monitorização do estado dos corais, os investigadores verificaram que, por exemplo, no recife de Cheeca Rocks, no santuário marinho de Florida Keys, cerca de 99% das colónias de corais, tanto selvagens como ‘plantadas’, tinham sido totalmente branqueadas.
No passado mês de julho, a temperatura à superfície das águas ao largo da Flórida terá ultrapassado os 30 graus Celsius, um cenário preocupante, pois estima-se que os corais sejam apenas capazes de sobreviver em temperaturas máximas de até 28 graus.