Cientistas recomendam à UE redução drástica de CO2 até meados do século



O Conselho Científico Consultivo Europeu para as Alterações Climáticas recomendou hoje à União Europeia a redução das emissões poluentes entre 90 e 95 por cento para se atingir a descarbonização do sistema produtivo comunitário em 2050.

O organismo defende uma redução drástica do dióxido de carbono na atmosfera em 17 anos para a União Europeia poder aspirar a “uma descarbonização quase completa do setor elétrico até 2040”.

“Estas reduções são essenciais para mitigar os riscos climáticos e para se conseguir um futuro sustentável”, assegura a plataforma independente estabelecida pela Legislação Europeia do Clima que reúne 15 especialistas e cientistas que avaliam as políticas e as oportunidades para se conseguirem alcançar os objetivos climáticos da União Europeia (UE).

O relatório elaborado com base numa “análise rigorosa que considera tanto a imparcialidade como a viabilidade” não se limita a analisar o plano técnico da transição energética mas, refere, também considera os aspetos éticos da transformação.

Para reduzir as emissões, o conselho propõe acelerar os sistemas relacionados com as energias renováveis, tendo em conta parte do monóxido de carbono que já foi libertado, e combinando as poupanças energéticas com aspetos inclusivos e de boa governança no processo de transição.

A UE, através da Lei do Clima, sinalizou o objetivo relativo à redução das emissões de gases com efeito de estufa em menos de 55% até 2030, como movimento intermédio para se alcançar a neutralidade em meados do século.

Para o bloco comunitário é necessário ainda fixar-se uma meta para 2040 e, por isso, são comunicadas as recomendações dos especialistas.

O processo deve ser submetido a consulta pública pela Comissão Europeia que espera definir as novas regras em 2024.

As reduções obrigam a UE a reforçar o interesse nas energias renováveis e apoiar-se no hidrogénio verde e abandonar gradualmente o carvão em 2030 e o gás sem sistemas de neutralização de dióxido de carbono em 2040.

Mesmo assim, o corte não é suficiente para atingir a neutralidade climática sendo que neste aspeto entram as tecnologias e meios de neutralização e de armazenamento de CO2: ambientes naturais como bosques ou oceanos.

“A redução das emissões é a prioridade mas a eliminação sustentável de carbono (…) também requer uma rápida ampliação com uma gestão cuidadosa dos riscos e dos desafios associados”, indicou Ottmar Edenhofer, professor da Universidade Técnica de Berlim e presidente do organismo consultivo.

Para enfrentar o problema da acumulação de emissões seria positivo que a meta para 2030 não fosse o corte de 55% mas sim de 70%.

Este valor supera a redução de 60% defendida pelo Parlamento Europeu durante a negociação da Lei do Clima sendo mais elevado do que a meta pedida pelas organização não-governamentais ecologistas.

Os especialistas recomendam que a UE venha a ser dotada de um “orçamento para o carbono” respeitante ao período entre 2030 e 2050 de entre 11 e 14 giga toneladas equivalentes de CO2 para se evitar que as temperaturas aumentem mais de 1,5 graus até ao final do século (Acordo de Paris).

A análise dos especialistas sublinha que reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e outros recursos naturais tem “numerosos benefícios” adicionais, como aumentar a segurança energética e melhorar “a saúde e o bem estar dos cidadãos”, graças à melhoria da qualidade do ar.

Acelerar a transição requer investimento na “inovação tecnológica, social e de boa governança”, indica o conselho sublinhando a importância da eficiência no consumo de recursos “com base em diferentes combinações de gestão da procura e aposta na tecnologia”.

“Oferecem maiores oportunidades para melhorar a segurança energética através da redução das importações de combustíveis fósseis, em alguns casos eliminando a necessidade de importação do gás natural”, apontam os especialistas.





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