Governo Trump rejeita metas de sustentabilidade da ONU para 2030

O Governo norte-americano liderado por Donald Trump rejeitou na sexta-feira a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, considerando “um programa de governação global suave que é inconsistente com a soberania dos EUA”.
Esta posição foi declarada por Edward Heartney, conselheiro da Missão dos EUA junto das Nações Unidas, num discurso perante a Assembleia Geral do organismo.
Edward Heartney considerou a agenda 2030 “um programa de governação global suave que é inconsistente com a soberania dos EUA e adverso aos direitos e interesses dos americanos”.
Em 2015, Obama comprometeu os EUA com as metas da ONU para 2030, mas Trump está agora a rejeitá-las.
As 17 “metas de desenvolvimento sustentável” incluíam acabar com a pobreza, alcançar a igualdade de género e enfrentar urgentemente as alterações climáticas.
Outras incluíam o fornecimento de água potável e saneamento para todas as pessoas, educação de qualidade para todas as crianças e a promoção de uma boa saúde e crescimento económico.
De acordo com a agência Associated Press (AP), a rejeição por parte dos EUA é uma das primeiras — senão a primeira — de qualquer país aos 17 objetivos que foram adotados por unanimidade por todas as 193 Estados-membros da ONU, com o objetivo de eliminar a fome global, proteger o planeta, garantir a prosperidade a todas as pessoas e promover a paz.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ou ODS, incluem também a disponibilização de água potável e saneamento a todas as pessoas e educação de qualidade a todas as crianças, promovendo ao mesmo tempo a boa saúde, o trabalho digno e o crescimento económico para todos.
Nas eleições presidenciais de novembro, que deram ao Presidente Donald Trump um segundo mandato, Heartney tinha sublinhado que “os esforços globalistas como a Agenda 2030 e os ODS perderam nas urnas” para o governo dos EUA, que se concentrou principalmente nos americanos.
“O Presidente Trump também estabeleceu uma correção de rumo clara e tardia sobre a ideologia de `género’ e climática, que permeia os ODS”, sublinhou Heartney.
Trump disse que o governo norte-americano só vai reconhecer dois sexos, masculino e feminino, e manifestou-se contra as pessoas transgénero e os seus direitos.
Os ODS sublinham que se aplicam a todos, em todo o lado, e que “não deixarão ninguém para trás”, mas não mencionam especificamente as pessoas LGBT.
Quanto ao clima, Trump promoveu mais perfurações de petróleo e gás e retirou os EUA do acordo climático de Paris de 2015 para combater o aquecimento global, e disse que iria retirar os EUA de outros pactos climáticos.
Os ODS exigem uma ação urgente para combater as alterações climáticas e os seus impactos, referindo que o planeta Terra está “à beira de uma calamidade climática”.
O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, em reação ao anúncio dos EUA, disse que todos os 193 Estados-membros da ONU votaram em 2015 pelos ODS e concordaram em trabalhar em conjunto para cumprir a Agenda 2030, que é “o caminho para superar as divisões, restaurar a confiança e construir solidariedade”.
Continua a ser o princípio orientador da ONU “promover um mundo de paz, prosperidade e dignidade para todos” e “um futuro melhor, mais saudável, mais seguro, mais próspero e sustentável”, realçou o porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres.