Luís Roberto, BP: “As acções são bem mais importantes do que as palavras”



Numa entrevista exclusiva ao Green Savers, o director de comunicação e relações institucionais da BP, Luís Roberto, explicou algumas das acções de responsabilidade social da empresa, o porquê do investimento em ambiente, educação a prevenção rodoviária e revelou como os acontecimentos do Golfo do México mexeram com a BP.

A BP tem investido bastante em acções de responsabilidade social, sobretudo ao nível do ambiente, educação e prevenção rodoviária. Porquê estas três áreas e não outras?

A BP considera que os temas do ambiente, da educação e da prevenção rodoviária são as três áreas que mais se enquadram na estratégia da empresa ao nível da responsabilidade empresarial e do desenvolvimento sustentável da comunidade e que estão em linha com os valores da companhia. Ao apoiar e desenvolver a nossa actuação nestas áreas, acreditamos estar a contribuir para educação das comunidades nas quais operamos e, através desta, para o seu bem-estar, mas também para a sua formação enquanto cidadãos responsáveis e com consciência social nestes temas.

A BP é parceira da Gincana Rock In Rio. Como surgiu esta parceria e qual o objectivo?

O envolvimento da BP Portugal na Gincana Rock in Rio surgiu como uma extensão natural da parceria que a empresa tem com este evento desde a sua primeira edição no nosso País. Somos parceiros sociais desde a primeira hora porque consideramos que o projecto social associado ao Rock in Rio está alinhado com a nossa estratégia ao nível da responsabilidade social e desenvolvimento sustentável, ao pretender construir um futuro melhor para as comunidades. A participação na Gincana, através do tema da prevenção rodoviária, dá-nos a possibilidade de sensibilizar as camadas mais jovens da população para a necessidade de todos contribuirmos para a redução da sinistralidade no nosso País.

Um dos vossos eixos principais de responsabilidade social está ligado à prevenção rodoviária. Sentem que os jovens estão mais receptivos, hoje, a este tema? Ou ainda há alguma inconsciência colectiva?

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os subgrupos dos jovens e jovens adultos (dos 15 aos 44 anos) representam globalmente cerca de metade de todas as mortes por acidentes de viação. Seguindo uma tendência semelhante, em Portugal, os dados de sinistralidade (1995-2009) revelam que o grupo etário dos 15 aos 29 anos representa cerca de 1/3 da sinistralidade rodoviária nacional.

No nosso país, a batalha pela redução de vítimas na estrada tem tido um êxito particular, nomeadamente entre os 15 e os 29 anos, onde se registou um acentuado decréscimo do número de vítimas rodoviárias, com especial destaque para o subgrupo dos 15 aos 19.

No entanto, muito ainda pode ser feito para reduzir o número de mortos e feridos. Face à realidade dos números, e aos resultados dos projectos que temos vindo a desenvolver nesta área, consideramos que apesar de ainda existir alguma falta de consciência no acto de condução, a população em geral, e os jovens em particular, estão particularmente despertos e interessados em receber informação sobre condução defensiva, de forma a alterar os seus comportamentos. Exemplo do trabalho bem-sucedido nesta matéria é o Projecto 100% Cool, desenvolvido pela ANEBE na última década com o apoio da BP Portugal, e do projecto BP Segurança o Segundo, que a empresa lançou este ano com a participação de meia centena de jovens e que pretende replicar já em 2012 a nível nacional.

São também parceiras, na área da educação, da Universidade de Aveiro. Em concreto, que parceria é esta?

A parceria com a Universidade de Aveiro e com a Ludomedia prende-se com a aposta da BP na área da investigação com vista à sustentabilidade dos recursos energéticos e ambientais e culminou com o desenvolvimento do projecto Courseware Sere – “O Ser Humano e os Recursos Naturais”, lançado em mais de 500 escolas. Este recurso didáctico tem como principal objectivo promover a Educação para o Desenvolvimento Sustentável junto de crianças do 1.º e 2.º ciclo do ensino básico (entre os 8 e os 12 anos de idade), em ambiente de sala de aula e promovendo o desenvolvimento de competências de cidadania activa, responsável e consciente na sua relação com o meio ambiente. Para o efeito, esta ferramenta tecnológica engloba um conjunto de actividades sobre a relação entre as acções humanas, o uso dos recursos naturais renováveis (biomassa florestal) e não renováveis (petróleo) e as consequências ambientais, sociais e económicas desta utilização.

A BP esteve envolvida no maior projecto de reflorestação em Portugal, que plantou 30 mil árvores na Serra da Lousã. Depois desta, que outras iniciativas estão a preparar no que diz respeito à preservação do ambiente?

O envolvimento da BP com a Fundação Floresta Unida, responsável por esta acção de reflorestação, conta já com alguns anos e vai ao encontro da sensibilidade e política da empresa no que diz respeito à preservação do ambiente, um dos três eixos da sustentabilidade que a nossa empresa aplica diariamente nas suas acções. A iniciativa na Serra da Lousã contribuiu para materializar a nossa política de respeito pela preservação do ambiente e reforçar a nossa ligação com a Fundação Floresta Unida, que irá manter-se no próximo ano. Temos estado também envolvidos com bastante regularidade em diversas acções de sensibilização à população, em conjunto com os nossos parceiros de negócio, utilizando os nossos habituais canais de comunicação. Este ano, por exemplo, a BP esteve ligada ao projecto de sensibilização para a Prevenção dos Incêndios Florestais com o Movimento ECO.

Todos estes eixos de actuação ligados à responsabilidade social são escolhidos pela BP Portugal? Ou baseiam-se em guidelines internacionais que têm de ser replicadas em Portugal?

Os eixos de actuação da BP Portugal, tanto na área da educação como da responsabilidade social, resultam do envolvimento da empresa com as comunidades onde opera e da sua percepção relativamente às carências das mesmas. No entanto, todos os projectos que apoiamos ou desenvolvemos por iniciativa própria estão, naturalmente, alinhados com as guidelines do grupo para a área da responsabilidade social.

A BP é uma das maiores empresas a actuar em Portugal e, certamente, uma das maiores do mundo, em várias vertentes. Como tal, os consumidores sentem, por vezes, que a empresa pode sempre fazer mais. Concorda?

Este ano temos sentido, de facto, um aumento no número de pedidos singulares de auxílio que a empresa recebe, fruto da crise económico-social que o País atravessa. Estas solicitações, que muito nos sensibilizam, levantam-nos contudo uma dificuldade que resulta da nossa impossibilidade em corresponder a todas de forma positiva. Para tentar fazer face a estas situações, procurámos estabelecer parcerias e protocolos de acordo com entidades que através da sua área de actuação estão preparadas e têm capacidade para dar uma resposta mais abrangente junto das populações. É neste contexto que o protocolo que mantemos com a CNIS, com a CAIS e com a Liga dos Bombeiros Portugueses se revela tão importante para beneficiar as comunidades onde estas entidades desenvolvem a sua actividade.

A BP costuma receber pedidos de ajuda por parte de instituições de solidariedade social ou outras ligadas à inclusão social? Como decidem que instituição apoiar?

À semelhança dos pedidos individuais de auxílio, também têm vindo a crescer o número de pedidos de ajuda por parte das instituições que trabalham com as comunidades. Como não temos capacidade de resposta para corresponder positivamente a todas as solicitações, optamos por apoiar os projectos que se enquadram nos valores da empresa e na sua estratégia de responsabilidade social e que nos parecem ser sustentáveis. Privilegiamos a continuidade dos projectos em detrimento de apoios fortuitos. Grande parte das iniciativas com as quais estamos envolvidos contam já com alguns anos de existência porque apostamos em estar presentes em projectos que de facto podem contribuir para um desenvolvimento sustentável das comunidades a longo prazo.

Que tipo de acções de sustentabilidade estão já a pensar para o curto e médio prazo? E em que áreas?

Os nossos projectos nesta área apresentam já um elevado grau de maturidade devido à nossa estratégia em apoiar iniciativas que tenham impactos a longo prazo. No entanto, a curto, médio prazo, estamos a preparar a implementação a nível nacional de um projecto vocacionado para os jovens na área da prevenção rodoviária. O “BP Segurança ao Segundo” pretende proporcionar o desenvolvimento sustentável dos jovens portugueses enquanto cidadão e condutores responsáveis, dotados de uma elevada consciência social e cívica no acto de condução. Os jovens de hoje são os condutores de amanhã e devem estar despertos para os perigos inerentes ao acto de conduzir e às vantagens de optar por uma condução defensiva, segura e responsável.

Como se está a BP a preparar para as inevitáveis mudanças energéticas do futuro?

A BP tem realizado investimentos significativos na área das energias alternativas, por considerar que uma solução sustentável para o sector a nível mundial passa pela utilização do mix energético no qual se incluirão os biocombustíveis, o gás natural, a energia solar e eólica, entre outras. Em Portugal, e em virtude do nosso conhecimento da realidade nacional, fruto de uma presença de mais de oito décadas, estamos preparados para dar as respostas necessárias aos desafios que se colocarem ao País nesta matéria.

Ao longo dos anos, em Portugal, a BP dedicou um grande esforço a colocar as palavras “comunidades” e “cidadania” no seu dicionário mediático. Em termos práticos, como é que os acontecimentos do Golfo do México contribuíram para uma eventual mudança na forma como as pessoas olham, hoje, para a BP Portugal.

Conscientes do impacto que o acidente do Golfo do México causou às comunidades locais e, em consequência disso, à BP, acreditamos que as acções são bem mais importantes do que as palavras. Por isso que só sairemos do Golfo do México quando este estiver totalmente recuperado, seja a nível ambiental ou social. Durante esse processo estamos a retirar todas as lições possíveis de forma a tornar a nossa empresa, bem como toda a indústria, mais forte e segura. Estamos a partilhar o que aprendemos e, para nós, é claro que a segurança, o cumprimento e a gestão do risco operacional constituem a prioridade da BP, muito à frente de todas as outras.





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