O futuro do têxtil começa aqui



Por Filipa Pantaleão, Secretária-Geral do BCSD Portugal

Juntar as ideias a quem as sabe pôr em prática parece uma fórmula de sucesso óbvia para qualquer setor industrial que queira vencer. Mas o que temos assistido, no mundo do têxtil e da moda nacionais, é a fábricas e a designers que parecem trabalhar para fins diferentes.

Embora complementares na mesma grande indústria, a tradição observa-os afastados. E, tirando raras exceções, trabalham com uma indiferença mútua, onde cada um se preocupa apenas com o seu próprio negócio. Apesar de Portugal ser atualmente um centro de inovação, esta é uma das indústrias mais antigas e com grande tradição no nosso país, que trabalha maioritariamente para exportação e onde não há espaço, nem tempo, para o que os criativos nacionais têm para dizer.

É verdade que, nem sempre, a criatividade na moda soube adaptar-se à grande escala e ao pragmatismo da produção têxtil. Mas, a realidade é que só Portugal perde com esta distância reiterada entre criadores e indústria. Mais do que por ser um mercado periférico, ainda mais num tempo em que a tecnologia encurta distâncias, seja por erro de princípio ou de distração, o afastamento desperdiça talento e desaproveita recursos próximos.

A sustentabilidade e a circularidade, que o mundo agora exige a esta grande indústria, uma das maiores poluidoras do planeta, o necessário é precisamente juntar esforços, trabalhar em equipa, olhar para o mesmo horizonte próximo.

É este o encontro que programas de inovação como o beat by be@t, procuram estimular. Este projeto é uma das boas ideias implementadas pelo PRR – o Plano de Recuperação e Resiliência, integrado no pacote extraordinário de financiamento da Comissão Europeia, para dotar os países da zona euro de instrumentos para a recuperação económica e social, tornando-os resilientes no caminho da transição climática e digital.

Este é um programa que junta mais de 50 entidades, com o objetivo de, juntos, concretizar projetos, investimentos e reformas com impacto na bioeconomia têxtil, capacitando as empresas têxteis para a inovação sustentável, promovendo o trabalho conjunto com jovens talentos, para trabalharem esses desafios comuns e desenvolverem soluções inovadoras.

Esta é a necessidade. Juntar competências complementares, unidas num objetivo comum, para alcançar melhores e maiores resultados. A indústria da moda precisa desta formação transversal não só sobre os grandes temas da sustentabilidade, como sobre eco design e a eco engenharia. A proximidade de trabalhar com um setor tão relevante para a economia portuguesa reforça a competitividade, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e estratégico da indústria no seu geral.

O futuro sustentável só é possível se trabalharmos em conjunto. As parcerias, onde cada um aporta o melhor que sabe fazer para maximizar o resultado final, são vitais para o sucesso. Parcerias de A a Z, que apoiam também a divulgação e a amplificação dos resultados conseguidos.

Apresentar resultados, mostrando e explicando os projetos ao mercado e ao setor, em colaboração com parceiros fortes e estratégicos como, neste caso, acontece com a ModaLisboa, acelera e credibiliza o trabalho e o caminho feitos junto de toda a indústria, a nível nacional e além-fronteiras.

O beat by be@t está a despertar na indústria da moda a vantagem (e a necessidade) de trabalhar de forma horizontal e colaborativa, apresentando, nas suas duas edições, resultados práticos e inovadores de pôr os designers a trabalhar com as empresas têxteis, reunindo a criatividade, o conhecimento técnico e estratégico de todas as etapas da ideação de uma peça de roupa, desde a sua conceção até à sua fabricação.

 





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