Ruídos de trânsito estão a tornar as aves mais agressivas nas Ilhas Galápagos



O ruído produzido pelo tráfego rodoviário nas Ilhas Galápagos, no Oceano Pacífico, está a alterar o comportamento das aves e a torná-las mais agressivas, revela estudo.

A investigação, publicada na revista ‘Animal Behaviour’, centrou-se numa pequena ave canora do grupo das mariquitas, a espécie Setophaga petechia aureola, que ocorre um pouco por todo o arquipélago, sendo uma subespécie de direito próprio só encontrada nas Galápagos, e que apresenta uma plumagem amarela.

O turismo nas ilhas, que inspiraram Charles Darwin a conceber a sua teoria da evolução das espécies, tem vindo a aumentar consideravelmente, a par do crescimento da população humana residente, o que levou a uma subida de mais de 6% no número de veículos que percorrem as Galápagos todos os anos.

Para perceberem como as aves reagem aos ruídos do transito, os cientistas usaram colunas de som para reproduzirem canções de indivíduos da mesma espécie, como se fossem um intruso. A algumas dessas canções adicionaram sons de carros.

Os resultados revelam que as aves se mostravam mais agressivas quando as canções eram acompanhadas por ruídos de trânsito e que as aves que viviam mais perto das estradas demonstravam os comportamentos mais agressivos, fazendo voos picados sobre as colunas emissoras de som.

E não é preciso muito para “enfurecer” estas pequenas aves, pois a equipa conduziu as mesmas experiências na ilha de Floreana, que tem apenas umas dezenas de carros, e, mesmo aí, as aves mostravam-se agressivas quando ouviam sons de trânsito.

Foi também descoberto que as aves Setophaga petechia aureola adaptam as suas canções ao ruído ambiente. Na ilha mais densamente povoado do arquipélago, Santa Cruz, a equipa verificou que as aves entoavam canções mais longas quando na presença de ruídos de carros.

Além disso, para evitarem que as suas mensagens se percam no barulho do tráfego, as aves aumentavam as frequências mínimas das suas canções.

Como as aves usam canções para demarcarem os seus territórios e para intimidarem intrusos e adversários, os investigadores acreditam que, num ambiente impregnado de ruídos de carros, as aves não têm outra solução senão demonstrar agressividade física para compensarem o facto de não se conseguirem fazer ouvir.

“O nosso estudo mostra a importância de considerar a plasticidade comportamental nos esforços de conservação e de desenvolver estratégias para mitigar os efeitos da poluição sonora na vida selvagem”, afirma, em comunicado, Caglar Akcay, da Anglia Ruskin University (Reino Unido) e um dos autores do artigo.

“Também salienta o impacto significativo das atividades humanas no comportamento dos animais selvagens, mesmo em locais relativamente remotos como as Ilhas Galápagos”, acrescenta.






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