Sem colaboração, a mudança não acontece
Por Ricardo Sacoto Lagoa, coordenador de Marketing e Comunicação da Sociedade Ponto Verde
Os desafios ambientais que enfrentamos hoje exigem mais do que boas intenções: pedem ações concretas e sustentadas. A mudança só acontece quando unimos forças para transformar barreiras em soluções com impacto real e duradouro.
A reciclagem de embalagens é um exemplo claro da complexidade desses desafios.
Metas ambiciosas, como reciclar 65% das embalagens até 2025, só serão alcançadas se existir empenho de todos. Hoje, 30% da população em Portugal ainda não recicla regularmente e sabe-se que as razões são diversas: desde o entender a importância desta prática, passando pela motivação – que se trata de um ato voluntário e que depende da disponibilidade individual -, mas também encontra expressão na acessibilidade e qualidade das infraestruturas que estão ao dispor dos cidadãos.
Tudo isto torna evidente que precisamos de continuar a informar, sensibilizar e inspirar para que a reciclagem de embalagens se torne parte da nossa cultura.
É aqui que entra a colaboração, que se quer integrada e participativa. Quando o poder local, as associações e os cidadãos trabalham juntos, cria-se uma cadeia de valor onde cada “elo” fortalece o próximo. Assim, as parcerias tornam-se fundamentais enquanto redes de apoio que potenciam o impacto positivo da reciclagem de embalagens. E é precisamente nesta proximidade, entre todos e com todos, que se vão encontrar as soluções para os problemas do dia-a-dia, respondendo com eficácia às comunidades.
O poder local, com o conhecimento que tem das necessidades das suas comunidades, garante que as soluções chegam ao terreno, adaptadas à realidade de cada bairro. De cada freguesia. De cada rua. Também as associações são um garante para que essas mesmas necessidades sejam anuladas e, por sua vez, os cidadãos, enquanto portadores de boas ideias que podem ser executadas e multiplicadas, são a peça central deste “puzzle”. Não apenas porque o gesto de separar e depositar resíduos nos ecopontos é o último passo, mas também porque é o mais crítico.
É através de projetos com propósito, como o Junta-te ao Gervásio, que se consegue superar os desafios práticos da reciclagem de embalagens. É na proximidade entre juntas de freguesia, associações e cidadãos que se faz a diferença e resolvem os desafios práticos da reciclagem de embalagens, e se consegue dar força para continuar a avançar e servir de exemplo.
Promover este contacto próximo não só aumenta a adesão às práticas de reciclagem de embalagens, como também gera confiança e envolvimento. Quando cada um sente que o seu contributo faz a diferença, seja ao separar os resíduos ou liderar um projeto local, criamos uma sociedade mais capacitada para enfrentar desafios maiores.
Cumprir esta missão pública, que é a reciclagem de embalagens, exige um trabalho conjunto, onde a colaboração e a combinação de recursos são fundamentais. O Junta-te ao Gervásio, ao premiar juntas de freguesia, associações e cidadãos, com projetos de reciclagem de embalagens, pretende mostrar o trabalho feito– e bem feito! – e que continua a ser possível fazer sempre mais e melhor.
No contexto da economia circular, todos, sem exceção, têm de saber que fazem parte do processo e da mudança. Não se trata apenas de reciclar embalagens, mas de repensar os modelos de produção e consumo, de adotar práticas mais responsáveis e de criar uma nova forma de olhar para os recursos que usamos. Quando todos se unem em torno desta visão, o impacto é muito mais profundo e abrangente.
Se cada um de nós se envolver de forma ativa, certamente o futuro será mais sustentável. A colaboração é, sem dúvida, a chave para alcançar resultados mais eficazes e impactantes. E quando trabalhamos juntos, não atingimos apenas as metas mais ambiciosas: construímos uma sociedade mais capacitada e consciente das responsabilidades coletivas.