Transplantes de microrganismos podem reforçar resiliência das florestas às alterações climáticas



Os efeitos das alterações climáticas, aceleradas pelas ações humanas sobre o planeta, estão a causar fortes alterações e stress ecológico no mundo das plantas. A escassez de água no solo, a diminuição do teor de humidade no ar e a subida da temperatura fazem com que as espécies vegetais enfrentem condições cada vez mais duras, que podem pôr em risco a sua sobrevivência.

Algumas espécies são capazes de se deslocarem para zonas com condições mais adequadas, mas outras terão de se adaptar às rápidas transformações ambientais ou arriscam perecer. Tanto num caso como no outro, os microrganismos que vivem nos solos, tal como alguns fungos, podem ser a sua salvação e ajudá-las a adaptar-se da melhor forma.

Cientistas da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos da América, acreditam que os microrganismos são fundamentais para atenuar o stress sofrido pelas plantas, especialmente pelas árvores, ajudando-as a captarem mais nutrientes e água e até mesmo a florirem na altura mais adequada.

Richard Lankau, especialista em patologia vegetal e um dos autores do artigo divulgado recentemente na ‘Science’, afirma que as alterações climáticas estão a causar mudanças ambientais a uma velocidade sem precedentes e que a maioria das espécies de árvores poderá não conseguir, por si só, adaptar-se devidamente.

O cientista e os colegas acreditam que as comunidades de microrganismos podem mesmo tornar as florestas mais resilientes às alterações climáticas e que transplantes de micróbios podem ajudar a revitalizar solos degradados e a proteger florestas mais vulneráveis.

Para testarem essa hipótese, a equipa de investigadores estudou o desenvolvimento de várias espécies de árvores de folha caduca (caducifólias), plantadas em solos recolhidos em vários pontos dos estados norte-americanos do Wisconsin e Illinois.

Os resultados mostraram que se as árvores num determinado local, mesmo que estejam sob algum tipo de stress, estiverem inseridas num solo rico em microrganismos que evoluíram para se adaptarem às características específicas desse local, a resiliência dessas espécies vegetais a mudanças ambientais repentinas será reforçada. Por exemplo, árvores em locais quentes e secos, mas em solos com microrganismos adaptados a essas mesmas condições, apresentaram maiores taxas de sobrevivência do que outros espécimes. O mesmo se verificou para árvores plantadas em áreas mais frias.

Para estes cientistas, saber ao certo como é que as comunidades de microrganismos interagem com as plantas, e vice-versa, é fundamental para ajudar nos esforços de combate aos piores efeitos das alterações climáticas sobre a Natureza. Assim, transplantes de microrganismos podem reforçar a resiliência das florestas do nosso planeta e impulsionar os programas de reflorestação e de recuperação desses habitats.





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