Startup portuguesa cria solução para gerir o tráfego no Espaço e salvar os satélites
Atualmente, existem mais de 8.000 satélites em órbita, dos quais apenas cerca de 6.000 estão operacionais – e o número tenderá a aumentar. Com a evolução destas tecnologias, o ‘lixo’ espacial começa também a tornar-se um obstáculo. De acordo com a Agência Espacial Europeia (ESA), existem cerca de 31.380 objetos de detritos a ser rastreados. Agora, uma startup portuguesa decidiu lançar um novo produto que vai revolucionar o mercado aeroespacial e solucionar esta questão.
A Neuraspace disponibiliza hoje no mercado um sistema avançado de monitorização de detritos espaciais e prevenção de colisão entre satélites, através de uma plataforma de Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (ML). A solução já está a ser testada por várias empresas, entre as quais alguns dos maiores operadores de satélites.
A plataforma Neuraspace é uma solução automatizada SaaS (Software as a Service) construída sobre três pilares chave, que permite aos operadores de satélites detetar até 50% mais colisões de alto risco e reduzir a intervenção humana até 75%. São eles a Fusão de dados: uma fonte de dados persistente e fiável para uma melhor caracterização dos eventos de conjunção, reduzindo as incertezas; a Inteligência Artificial (IA) e Aprendizagem Mecânica (ML): os modelos ML podem detetar automaticamente padrões a partir de dados complexos, e aprender como os dados estão relacionados. A IA aproveita os grandes dados para fornecer melhores previsões de colisão para a mitigação de riscos; e a Automação de Manobras: será fornecida ao operador, ao longo de todo o processo de mitigação de riscos, uma previsão de risco de colisão automatizada 24/7 com informações e sugestões inteligentes de manobras baseadas em restrições e prioridades do operador.
Como explica a startup, as soluções convencionais que os operadores de satélite utilizam dependem de processos manuais, que por sua vez enfrentam vários desafios, nomeadamente, dados insuficientes, falta de escalabilidade, um elevado número de falsos alertas e de incertezas. “Tudo isto leva a custos desnecessários que desvirtuam as operações e a viabilidade do negócio. Num relatório da Euroconsult de 2020, é relatado que uma manobra de emergência em LEO (baixa órbita) pode custar 25.000 euros por satélite, e 14 milhões de euros por ano em custos de pessoal e infraestrutura”, apontam.
Chiara Manfletti, Chief Operations Officer (COO) da Neuraspace, afirma que “Este é um passo muito importante pois estamos a validar no mercado uma tecnologia que foi desenvolvida para ajudar a desbloquear o valor extraordinário da economia do Espaço, que passará a ser mais eficiente e sustentável. Acreditamos que a solução da Neuraspace será um benchmark em tecnologia de Inteligência Artificial e Machine Learning no mercado aeroespacial em todo o mundo”.