Canadá: crise da indústria petrolífera mandou 185.000 para desemprego e subiu taxa de suicídios em 30%



A descida do preço do petróleo, no último ano, já enviou 185.000 pessoas para o desemprego na região de Alberta, no Canadá, e elevou a taxa de suicídio em 30% de Janeiro em Julho, quando comparado com o ano passado – 654 albertianos suicidaram-se nos primeiros seis meses deste ano.

Alberta tem uma das maiores economias do Canadá, baseada nos sectores do petróleo e gás natural. Segundo o Guardian, noutra das regiões canadianas mais dependentes do petróleo, Saskatchewan, a taxa de suicídios aumentou 19%.

Há dois anos, a indústria petrolífera era responsável – directa e indirectamente – por 87% dos empregos de Alberta e motivava uma migração constante de outras regiões do Canadá. Agora, os níveis de emprego encontram-se nos mínimos verificados em 2008 e a forte economia da região está a dar lugar a uma potencial crise de saúde pública e mental.

O Guardian conta a história de Jesse Seibel, de Whitecourt, em Alberta, que se levantava todos os dias às 3h para trabalhar na indústria petrolífera, tal como o seu pai tinha feito. Com 26 anos, Seibel ganhava €4.500 por mês, vivia confortavelmente e nunca falhou um pagamento da pensão de alimentos.

Em Fevereiro, porém, ele foi chamado à administração e despedido. Alguns meses depois, mudou-se com a namorada para a casa dos pais dela e hoje já deve €6.300 à sua ex-mulher. “Tentei sobreviver sozinho, ser um bom pai, trabalhar todos os dias para ganhar dinheiro… é tudo muito depressivo”, explicou.

Seibel é um dos 40.000 trabalhadores da indústria petrolífera que ficou sem emprego desde que o preço do petróleo caiu, no ano passado. Até à Primavera, de acordo com a Petroleum Labour Market Information, teriam sido despedidas cerca de 185.000 pessoas.

Desde que perdeu o emprego, Saibel não conseguiu trabalhar mais do que dois dias por semana, em trabalhos temporários e ocasionais. No entanto, o salário não chega a metade do que ganhava na indústria petrolífera. E não conseguiu poupar o suficiente para ver a sua filha neste Natal. “Estou a começar do zero, a tentar chegar lá acima e a lutar todos os dias”, contou ao Guardian.

E continua a acordar, todos os dias, às 3h. “Penso: o que vou fazer para conseguir um emprego?”

Foto: Jeff Hitchcock / Creative Commons





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