“Armadura” óssea é mais comum nos lagartos-monitores do que se pensava

Os lagartos-monitores, também conhecidos como varanos, podem ser encontrados em África, na Ásia e na Austrália e são conhecidos por serem predadores exímios e excelentes trepadores e nadadores.
Do grupo fazem parte espécies de uma grande diversidade de tamanhos, desde o pequeno Varanus brevicauda, com 25 centímetros, ao grande dragão-de-komodo (Varanus komodoensis), que pode chegar aos três metros e pesar mais de 100 quilogramas. Sabia-se já que alguns lagartos-monitores, como o dragão-de-komodo, tinham estruturas ósseas na pele que formam um espécie de “armadura”. Contudo, pensava-se ser algo raro nesse grupo de répteis.
Agora, uma investigação publicada este mês na revista ‘Zoological Journal’ vem revelar que essa característica não é assim tão invulgar, com os cientistas a acreditam que essa proteção é uma das razões pelas quais esses animais conseguem singrar em ambientes tão hostis para outras espécies, como os desertos.

O grupo de investigadores da Austrália, Europa e Estados Unidos da América analisou quase dois mil exemplares de répteis de coleções de museus, recorrendo a técnicas avançadas de imagem, como micro-tomografia computorizada, para desvendar segredos não visíveis à vista desarmada.
Em comunicado, Roy Ebel, primeiro autor do estudo e investigador na Universidade Nacional Australiana, avança que o trabalho descobriu 29 espécies de lagartos-monitores que têm essa “armadura” óssea e que até agora não se sabia que a tinham. Assim, o número de varanos osteodermos conhecidos foi multiplicado por cinco, refere.
Essa característica é considera mais comum em animais como os crocodilos e os tatus, e até em dinossauros como os estegossauros. Contudo, acreditava-se que lagartos-monitores osteodermos eram mais raros. Este estudo vem mostrar que são mais comuns do que se pensava, com a equipa a estimar que quase metade de todas as espécies de lagarto do mundo terá essas estruturas ósseas na sua pele.
Quanto à função da “armadura”, ainda não é claro, mas os cientistas sugerem que, além de fornecer proteção, ajudará os animais a regularem a sua temperatura corporal, por exemplo.
“O que é tão entusiasmante acerca desta descoberta é que alterar o que pensávamos saber sobre a evolução dos répteis”, afirma Jane Melville, que não participou no estudo. É curadora de vertebrados terrestres do Instituto de Investigação dos Museus Victoria, na Austrália, instituição da qual provieram vários dos exemplares analisados nesta investigação.
A especialista acrescenta que os resultados sugerem que “estes ossos dérmicos podem ter evoluído em resposta a pressões ambientais à medida que os lagartos se foram adaptando às paisagens desafiantes da Austrália”.