Como um dos maiores produtores de atum do mundo vai investir na sustentabilidade
Um dos maiores produtores de atum do mundo, a multinacional Tri Marine, acredita que pode mudar o jogo no que toca à sustentabilidade do produto que comercializa. Para isso, ela está a investir substancialmente em tecnologia e processos de negócio que levem atum sustentável às mesas, sandes e pratos dos seus consumidores.
Este mês, explica o Business Green, a empresa vai reabrir uma fábrica na Samoa Americana, depois de um investimento de €60 milhões (R$ 180 milhões) em obras que a tornam energeticamente mais eficiente e que minimizam o impacto das suas actividades na comunidade local.
Esta fábrica passará a ser capaz de entregar um milhão de latas de atum por dia e irá fornecer alguns dos maiores clientes da empresa. “[Esta fábrica] é um grande exemplo de como fazer as coisas bem pode ser bom para o negócio”, explicou Renato Curto, presidente e CEO da Tri Marine. “Queremos melhorar a nossa sustentabilidade e reduzir os obstáculos para os nossos clientes [que querem ver a sustentabilidade à sua mesa]”, revelou o empresário italiano.
Há algum tempo que a Tri Marine aposta em práticas sustentáveis de pesca. A empresa ajudou a fundar a International Sustainable Seafood Foundation, mas deu o grande salto na economia verde com a contratação de Matt Owens, há dois anos, como director de política ambiental e responsabilidade social.
“Abordamos a sustentabilidade de uma forma multifacetada. Focamo-nos nos stocks saudáveis, apanhados de forma a minimizar a captura acidental. No que toca ao atum, as 23 maiores espécies passam por um maior perigo de sobrevivência que outros peixes”, explicou o responsável.
Por outro lado, todos os anos centenas e milhares de tubarões, golfinhos e tartarugas são pescados acidentalmente por pescadores, segundo a Greenpeace. Muitos deles em barcos de pesca ao atum.
Para contornar esta situação, no início do ano a Tri Marine começou a utilizar tecnologia que descobre exactamente onde está o peixe, no mar, uma parceria com a MSC (Marine Stewardship Council), que age como consultora independente. O acordo é válido para toda a frota da Tri Marine na Samoa Americana.
“Os compradores de peixe, incluindo os pescadores, podem promover a conservação marinha com as suas decisões de compra”, explicou Owens. “A pesca é um recurso partilhado numa economia global, por isso é importante termos um esquema de certificação para pesca sustentável. Garantir os stocks de peixe é chave para manter os ecossistemas saudáveis, assim como as comunidades piscatórias”, concluiu.
Hoje, a Tri Marine utiliza processos manuais para monitorizar os seus barcos. No entanto, a empresa vai testar videovigilância e diários electrónicos para melhorar a fiabilidade dos dados que recolhe.
Na fábrica, a empresa prepara-se para perceber como se pode livrar do odor malcheiroso que de lá emana, estando já a preparar a ventilação deste cheiro para um bioflitro feito de casca de coco que absorve o odor. E, segundo a empresa, isto ainda é só o início da sua estratégia de sustentabilidade e responsabilidade social.
E em Portugal, um produtor interessante de atum, como estão as empresas a encarar a sustentabilidade dos seus processos e dos ecossistemas fundamentais para o futuro da sua subsistência?
Foto: Randy / Creative Commons