Estudo revela custo per capita dos 20 piores desastres climáticos de 2023
A organização humanitária Christian Aid divulgou esta quarta-feira uma análise que avalia os custos per capita dos 20 piores desastres climáticos que marcaram o ano de 2023.
O estudo, intitulado ‘Counting the Cost 2023: A year of climate breakdown’, pretende mostrar quanto cada uma das pessoas das áreas afetadas teria de pagar para recuperar os danos causados por fenómenos extremos, desde fogos florestais até a cheias, passando pelas secas.
No topo da lista estão os incêndios que devastaram o Havai, nos Estados Unidos da América, no passado mês de agosto. A Christian Aid estima que o custo desse desastre ronda os 4.100 dólares por pessoa.
De seguida, surgem as tempestades em Guam (1.455 dólares/per capita) e em Vanuatu (947 dólares/per capita), bem como as tempestades e as cheias na Nova Zelândia, avaliadas em 468 dólares/per capita e 371 dólares/per capita, respetivamente.
Mais perto de nós, Espanha figura em nono lugar devido à seca severa sofrida este ano, com um custo estimado de 50 dólares/per capita.
Contudo, a organização aponta que os países mais pobres são os que mais sofrem, mesmo que os custos per capita possam ser inferiores relativamente aos sofridos por países mais ricos. Isto, porque a percentagem de custo face ao PIB será maior para os países com menores recursos financeiros.
Além disso, recorda que os eventos extremos têm consequências mais desastrosas em países que estão pouco ou mal preparados para lidar com esses fenómenos, cada vez mais intensos e frequentes devido às alterações climáticas.
“Nenhum canto do mundo foi poupado em 2023, com todos os seis continentes povoados representados na lista”, destaca a Christian Aid, acrescentando que “até países grandes com grandes populações” estão representados, como os Estados Unidos, a China e o México, que “experienciaram desastres que custam dezenas de dólares por pessoa, o que significa milhares de milhões de dólares a nível nacional”.
Patrick Watt, diretor-geral da Christian Aid, afirma, em comunicado, que “o custo humano da crise climática está a ser cada vez mais evidente nas casas levadas pela água e nas vidas perdidas por causa de cheias e tempestades, e nas colheitas e gado perdidos devido à seca”.
O responsável lamenta que 2023 foi um ano “devastador” para aqueles que vivem “num país climaticamente vulnerável”, e alerta para a disparidade dos impactos das alterações climáticas.
“Nos países mais pobres, as pessoas estão muitas vezes menos preparadas para desastres relacionados com o clima e têm menos recursos através dos quais possam recuperar”, afirma, criticando que “há uma dupla injustiça no facto de as comunidades mais afetadas pelo aquecimento global terem contribuído pouco para o problema”.