Intervenções climáticas para salvar os nossos oceanos precisam de uma governança mais forte



As intervenções climáticas estão a acelerar nos nossos oceanos, mas sem uma governação responsável, elas podem causar mais danos do que benefícios, de acordo com uma nova investigação.

O branqueamento dos corais, o aumento do nível do mar e a perda de biodiversidade já não são ameaças distantes, estão a acontecer agora, com consequências profundas para os ecossistemas marinhos e as comunidades que deles dependem.

Em resposta, cientistas, governos e indústrias estão a correr para desenvolver e implementar um conjunto de intervenções para ajudar o oceano a responder às alterações climáticas.

O novo estudo, publicado hoje na revista Science, analisou o conjunto de intervenções inovadoras que estão a ser utilizadas em resposta urgente à escala e intensidade da crise climática e às mudanças dramáticas nos nossos oceanos.

Isso inclui esforços para tornar o oceano menos ácido para absorver mais dióxido de carbono, criar corais resistentes às alterações climáticas que possam sobreviver em águas mais quentes, cultivar algas marinhas para capturar carbono e restaurar manguezais para proteger o litoral e armazenar carbono naturalmente.

A autora principal, a professora Tiffany Morrison, da Universidade de Melbourne, disse que, embora essas intervenções ofereçam esperança, elas também acarretam riscos significativos.

“Sem uma governança robusta, corremos o risco de repetir erros do passado – implementando soluções ineficazes, injustas ou até mesmo prejudiciais”, diz a professora Morrison, sublinhando que “o ritmo da inovação está ultrapassando nossa capacidade de regulamentar, monitorar e avaliar essas intervenções de forma responsável”.

“O financiamento privado e sem fins lucrativos está acelerando a ambição. Só em 2020, filantropos alocaram US$ 160 milhões para ações climáticas oceânicas, com outros US$ 250 milhões anunciados na COP28 em 2023 para uma nova Aliança Global para a Resiliência Oceânica e o Clima”, acrescenta.

Os investigadores afirmam que, para enfrentar esses desafios, devemos abraçar o conceito de transformação marinha responsável – uma abordagem de governança que prioriza a sustentabilidade, a equidade e a adaptabilidade.

“Isso significa ponderar os riscos em relação aos benefícios, resolver questões éticas, melhorar os benefícios sociais e alinhar as intervenções de adaptação com objetivos mais amplos de mitigação climática”, explica o professor Morrison.

“É vital que realizemos estudos comparativos rigorosos para avaliar os benefícios e riscos climáticos das intervenções, incluindo a sua escalabilidade e viabilidade a longo prazo”, adianta.

A coautora, professora emérita da Universidade de Exteter, Katrina Brown, diz que as comunidades devem estar envolvidas.

“Isso significa colaborar com os povos indígenas e as partes interessadas locais desde o início, garantindo que seus conhecimentos, valores e direitos moldem o projeto e a implementação da intervenção”, diz a professora Brown.

“Se as intervenções forem comprovadamente viáveis, também devemos desenvolver e aplicar protocolos bioéticos que abordem não apenas o bem-estar animal, mas também as implicações ecológicas e sociais mais amplas da implantação em grande escala”, conclui.






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