Investigação: A revolução do etanol de Obama está a causar um “desastre ecológico”



Em 2005, no âmbito da revolução americana das energias sustentáveis, George W. Bush, então presidente dos Estados Unidos, implementou uma legislação que obrigava as companhias petrolíferas a adicionarem biocombustível às suas gasolinas e gasóleos. A lei previa a incorporação de 15,1 mil milhões de litros em 2006 e o dobro deste valor até 2012.

Apesar de a lei ter sido assinada por Bush, durante o seu segundo mandato, a implementação recaiu sobre a administração de Barack Obama.

Um dos principais constituintes dos biocombustíveis é o etanol, que nos Estados Unidos é produzido através do milho. Uma vez implementada a lei para a incorporação de etanol nos combustíveis a procura das petrolíferas por etanol aumentou, o que fez disparar as plantações de milho.

Uma investigação da Associated Press (AP) vem agora revelar que a revolução americana do etanol está a ameaçar seriamente o ambiente, sem produzir benefícios tangíveis suficientes.

Devido ao aumento da procura de etanol para satisfazer os requerimentos do Governo, com o intuito de transformar os combustíveis fósseis numa fonte energética mais verde, foram plantados mais de 20 milhões de metros quadrados de campos de milho. Uma área destinada à conservação, superior às áreas combinadas dos Parques de Yellowstone, Everglades e Yosemite, desapareceu, assim, sob o olhar da administração de Obama.

Os agricultores começaram então a cultivar uma área que não era anteriormente utilizada para agricultura, o que libertou grandes quantidades de dióxido de carbono. A par disto, pulverizaram estas áreas com grandes quantidades de fertilizantes químicos, parte das quais ter-se-ão infiltrado nos lençóis de água, rios e expandiram-se, até à “zona morta” do Golfo do México, uma zona com baixas concentrações de oxigénio que não suporta formas de vida, contribuindo para piorar as condições oxigenação desta área do Golfo.

“Isto é um desastre ecológico”, afirmou Craig Cox, do Environmetal Working Group (EWG), à AP. De recordar que o EWG já foi um aliado da casa Branca, mas que agora se posiciona contra as políticas de etanol da administração de Obama.

A eficiência do etanol como um redutor das emissões de dióxido de carbono tem sido largamente exagerada, aponta a investigação, referida pelo Huffington Post, o que torna imperceptível se, na realidade, o etanol pode ser melhorado para combater os efeitos do aquecimento global. Contrariamente, o preço do milho mais que dobrou desde 2010 e os agricultores não estão dispostos a abrandar a sua produção.

As consequências da produção desregrada de etanol estão a ser nefastas ao ponto dos ambientalistas e cientistas estarem a classificar o uso do etanol como uma má política ambiental. Por seu lado, a administração de Obama continua firme quanto ao uso do etanol, preferindo destacar os benefícios do etanol para a indústria agrícola do que reconhecer qualquer tipo de impacto negativo. A Casa Branca acredita que apoiar a produção de etanol é a melhor maneira de encorajar o desenvolvimento dos biocombustíveis, que no futuro serão mais limpos do que actualmente. Mas, ao incentivar esta forma de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, a administração de Obama está a permitir que à indústria da energia verde “fazer coisas não tão verdes”.





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