Mediterrâneo é a zona Europa com mais espécies ameaçadas (com GRÁFICO)



Uma análise da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) revelou que a zona mais biodiversa da Europa, o Mediterrâneo, está a ser fortemente impactada pela actividade humana, sendo que, paralelamente, é nos países desta região que há maior quantidade de espécies ameaçadas.

Portugal, Grécia e Espanha são os países com maior proporção de espécies ameaçadas de extinção: 21% das 2032 espécies avaliadas em Espanha estão ameaçadas, 15% das 1215 espécies avaliadas em Portugal estão ameaçadas e 14% das 1684 espécies avaliadas na Grécia estão ameaçadas.

“[Esta] observação (…) poderia fazer pensar que estaríamos a pensar em alguma outra estatística como o desemprego ou a recessão económica, mas é da biodiversidade e das espécies ameaçadas que se trata. Este quadro espelha a crise da biodiversidade”, explica em comunicado a LPN (Liga para a Protecção da Natureza), que é membro da IUCN.

A análise de IUCN debruçou-se sobre a Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da Europa e conclui que a União Europeia tem muito trabalho pela frente para poder cumprir os objetivos da Estratégia para a Biodiversidade de 2020. Das espécies em extinção no continente distinguem-se os grupos: 59% dos moluscos de água doce, 40% dos peixes de água doce, 23% dos anfíbios, 22% dos moluscos terrestres e 20% dos répteis.

Entre as principais causas de ameaça às espécies está a perda, fragmentação e degradação dos habitats devido à expansão agrícola intensiva e híper-intensiva, expensão urbana, abandono de sistemas agrícolas de Alto Valor Ambiental (montados, estepes cerealíferas, pastagens extensivas, prados de montanha, olivais extensivos) construção de barragens e poluição das águas.

A intensificação agrícola, reconstrução industrial e desregulamentação da legislação ambiental são algumas das apostas mais fortes para a recuperação económica nos países com maior biodiversidade, mas, sendo mal feita e desordenada, põe em causa as espécies ameaçadas na Europa. “Os danos causados à maior riqueza que se encontra nesses países serão irreversíveis e de valor incalculável a médio-longo prazo. A LPN chama a atenção a este importantíssimo estudo que deve ter um peso bastante relevante para as opções económicas a ser escolhidas pelos governos europeus”, explica a associação.

“A riqueza de biodiversidade é um valor inestimável, com serviços prestados aos ecossistemas naturais e humanos, às actividades agrícolas e florestais, ao turismo e à saúde pública. Lançar países em projectos que acelerarão a destruição destes valores naturais é retirar às gerações futuras o património natural que herdámos das gerações passadas, inviabilizando também o futuro dos países em causa. A aposta na conservação e na promoção da riqueza ambiental é um caminho importante a escolher nas soluções para a crise económica”, conclui a LPN.

Foto: João Vasconcelos

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