G-7 acaba com financiamentos públicos de centrais a carvão
Os países ricos do Grupo dos 7 (G-7) comprometeram-se sexta-feira a acabar com as ajudas públicas às centrais de carvão, um “gesto forte” para amplificar os seus ataques para limitar as alterações climáticas.
A três semanas da cimeira do G-7 no Reino Unido e a seis meses da conferência sobre o clima, a 26.ª Conferência das Partes (COP26), a decorrer em Glasgow, os ministros do Ambiente da Alemanha, do Canadá, dos EUA, da França, da Itália, do Japão e o Reino Unido prometeram “esforços ambiciosos e acelerados” para reduzir as suas emissões de dióxido de carbono.
O objetivo de limitar o aumento das temperaturas até 1,5 graus centígrados em relação à era pré-industrial, limiar a partir do qual os cientistas estimam que a alterações climáticas se tornem incontroláveis.
Mas isto vai exigir “atos significativos da parte de todos os países e em particular das grandes economias emissoras”, reconheceu o G-7, em comunicado.
Para avançar neste sentido, as potências industrializadas atacam em primeiro lugar o carvão: “Reconhecendo que continuar os investimentos mundiais na produção de eletricidade a partir do carvão é incompatível com o objetivo de 1,5°C, insistimos no facto de os investimentos internacionais no carvão não explorado devem cessar imediatamente”.
Estes países prometeram “medidas concretas para o fim absoluto de novas ajudas públicas diretas à produção de eletricidade a partir de carvão até ao fim de 2021”.
Para a ministra alemã do Ambiente, Svenja Schulze, trata-se de “um passo em frente importante porque só assim, nós, países industrializados, podemos exigir de maneira credível que outros nos sigam nesta via”.
Citada pelo diário britânico The Guardian, a ministra da Transição Ecológica francesa, Barbara Pompili, reforçou: “É um sinal muito forte que o carvão é uma energia do passado e que não tem lugar no nosso ‘mix’ energético”, acrescentando que esta “foi uma decisão muito difícil a tomar, em particular pelo Japão”.
O presidente da COP26, Alok Sharma, também se felicitou, vendo na decisão um “sinal claro de que o carvão está em vias de desaparecer”, apresentando-a como “um passo importante para uma economia com emissões zero”.
Previsto inicialmente para novembro de 2020, esta cimeira, que vai reunir dirigentes de 196 países, bem como empresários e cientistas, foi adiada devido à pandemia do novo coronavírus.
Mas as autoridades britânicas confirmaram em meados de maio querer realizá-la em termos presenciais, com Alok Sharma a apresentá-la como a “última esperança” de conter o aumento da temperatura média global abaixo dos 1,5°C.
“A ciência mostra que um aumento em dois graus significaria que centenas de milhões de pessoas suplementares iriam ser afetadas, que o dobro de plantas e o triplo de espécies de insetos perderiam vastas zonas do seu ‘habitat’”, alertou.
Segundo a Organização das Nações Unidas, as emissões de gases com efeito de estufa têm de diminuir cerca de oito por cento por ano para passar o limiar dos 1,5°C estipulado no Acordo de Paris.
Além do carvão, os países do G-7 acordaram “acelerar de maneira significativa”, os esforços para retirarem os hidrocarbonetos dos transportes na próxima década.
Prometeram promover a biodiversidade, através da preservação ou proteção de pelo menos 30% das terras e 30% dos oceanos.
Esta semana, a Agência Internacional de Energia estimou que o mundo deveria renunciar “já” a qualquer novo projeto petrolífero ou gasífero, além dos que já estão aprovados, para atingir até 2050 a neutralidade carbónica e ter uma hipótese de limitar o aquecimento global a 1,5°C.
O ramo britânico da Greenpeace felicitou-se das medidas sobre o carvão: “Isso deixa a China isolada na cena internacional, com os seus financiamentos da fonte de energia mais poluente”.
Contudo, por outro lado, salientou que “infelizmente, grande número dos compromissos são vagos, apesar de precisarmos que sejam precisos e acompanhados de um calendário”.