Iluminação pública está a afetar a camuflagem de espécies costeiras



A iluminação pública está a interferir com a sobrevivência de algumas espécies de animais, que habitam no litoral. O problema está na intensidade da luz, que afeta o seu mecanismo de camuflagem e os torna mais visíveis para os predadores.

O estudo foi desenvolvido por uma equipa da Universidade de Plymouth e do Laboratório Marinho de Plymouth, no Reino Unido, e focou-se na espécie de caracol Littorina, presente em zonas costeiras de todo o mundo. Foram observados caracóis com três cores distintas, da espécie, e avaliada esta função para três predadores costeiros, face a diferentes tipos de iluminação natural (sol e lua) e artificial. No caso da artificial, analisou-se esta função perante a iluminação LPS do século XX, iluminação HPS, iluminação LED e a iluminação MH.

Os resultados demonstraram que a cor do caracol e a tecnologia de iluminação têm um impacto direto no risco a que este fica exposto. Com lâmpadas LPS, todos os animais conseguiram manter a camuflagem. Porém, com todas as outras lâmpadas e com a luz natural, estes ficaram visíveis, maioritariamente os de cor amarela.

“As nossas descobertas revelaram que as espécies de caracóis litorinídeos, encontrados comumente nas nossas costas, permanecerão camuflados quando iluminados por iluminação de estilo mais antigo. No entanto, quando iluminados pela moderna iluminação de amplo espectro, são claramente visíveis para os predadores e, como resultado, correm um risco muito maior a longo prazo”, explica Oak McMahon, que coordenou a investigação.

Como acrescenta o co-autor do estudo, Tim Smyth, “A capacidade de iluminar o ambiente 24 horas por dia transformou as paisagens urbanas no século passado e deu início ao que alguns chamam de Urbanoceno. A mudança do brilho laranja sobre as cidades, típica da minha juventude nas décadas de 1970 e 1980, mudou agora muito mais para LEDs de amplo espectro, com eficiência energética, que até permitem que os humanos percebam corretamente as cores. Este trabalho mostra que esse avanço tem ramificações adicionais para o mundo natural, que está a ter de se adaptar cada vez mais às mudanças artificiais que estamos a provocar no meio ambiente. Precisamos de aprender a adaptar as nossas tecnologias para evitar as piores consequências.”, sugere.

 

 





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