Equipa portuguesa cria solução para armazenar energia durante picos de produção
Uma equipa portuguesa desenvolveu uma solução que, recorrendo a baterias gravitacionais, visa armazenar o excesso de energia obtida durante os picos de produção e auxiliar a rede elétrica na “revolução renovável”, revelou hoje um dos mentores do projeto.
Em declarações à Lusa, Tomás Silva, um dos mentores do projeto “E-Gravity”, explicou que a ideia, ainda recente, visa o desenvolvimento de “uma nova forma de armazenar energia em larga escala”.
“A nossa solução pode ser construída em qualquer lugar e não se degrada com o tempo”, afirmou o mentor do “E-Gravity”, que representará Portugal na final europeia do ClimateLaunchpad (competição de ideias de negócio amigas do ambiente).
A solução visa converter o excesso de energia obtida durante os picos de produção em “potencial gravitacional”, que pode ser convertido novamente em energia elétrica quando a procura assim o exigir.
“A nossa solução inicial é subir e descer, com alta eficiência, grandes e pesadas massas”, referiu, esclarecendo que essas massas seriam essencialmente “contentores de transporte marítimo”.
De acordo com Tomás Silva, a solução “não só seria mais barata e duradoura” do que as atuais baterias de grande escala, como também “mais verde”.
“Propomos uma forma de auxiliar a atual rede elétrica na revolução renovável”, destacou, acrescentando que a solução permitirá combater “um dos grandes problemas” da energia produzida através de fontes como o sol ou vento, nomeadamente, “a sua variabilidade inerente, tornando assim essas fontes de energia mais viáveis e ainda mais baratas”.
“A rede elétrica está constantemente num equilíbrio instável entre gerar energia suficiente para satisfazer todo o consumo e não produzir demais a ponto de causar apagões”, realçou, lembrando que o problema é “ampliado” quando as fontes de energia dependem de fatores externos, como a força do vento.
“As baterias fornecem uma maneira de estabilizar a rede elétrica, reduzindo os custos de energia e protegendo a rede contra falhas críticas”, acrescentou.
À Lusa, Tomás Silva adiantou que tanto produtores como distribuidores de energia poderiam vir a beneficiar desta solução, ao fornecer um novo método de “mover” a energia nas horas de pico de produção até aos horários de maior consumo.
A curto prazo, os mentores do projeto pretendem construir um protótipo na região Norte para testar “todos os componentes” da solução, tais como, motores, sistemas de elevação e rendimento energético.
Posteriormente, o objetivo passa por testar uma versão de pequena escala dos módulos, nos quais se incluem os contentores marítimos, na região do Alentejo perto das “grandes fontes de energia solar”.
O “E-Gravity” foi um dos três projetos vencedores da Final Nacional do ClimateLaunchpad, etapa organizada pela UPTEC – Parque da Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, e vai, representar, este mês, Portugal na final europeia da iniciativa, que visa apoiar ideias de negócio que reduzam o impacto negativo no ambiente.