França e UE estudam entrada no Fundo da Amazónia do Brasil
A ministra da Europa e dos Negócios Estrangeiros de França anunciou ontem que quer o país, quer a União Europeia (UE) estudam contribuir para o fundo da Amazónia do Brasil, suspenso pelo ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
“França estuda a contribuição bilateral, bem como a União Europeia”, anunciou Catherine Colonna, numa conferência de imprensa no Palácio do Ministério dos Negócios Estrangeiros (Itamaraty), em Brasília, ao lado do seu homólogo brasileiro, Mauro Vieira.
O anúncio surgiu minutos depois de Mauro Vieira ter dito que “a França é muito bem-vinda à colaboração no fundo da Amazónia”.
Uma semana antes, a Alemanha, através do seu chanceler, comprometeu-se com 200 milhões de euros para o projeto de preservação do ambiente no Brasil, incluindo a Amazónia, durante uma reunião em Brasília com Luiz Inácio Lula da Silva. O Fundo Amazonas tinha sido criado em 2008 com doações da Alemanha e da Noruega, no segundo mandato de Lula da Silva à frente do Brasil, mas em 2019 o agora ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro ordenou a sua suspensão.
A ministra dos Negócios Estrangeiros francesa está em Brasília hoje e em São Paulo na quinta-feira para relançar politicamente as relações entre a França e o Brasil.
Um mês após a tomada de posse de Lula da Silva, Paris pretende reforçar os laços, depois de as relações diplomáticas se terem deteriorado drasticamente durante os quatros anos de Jair Bolsonaro no poder, particularmente em 2019, quando o então chefe de Estado brasileiro e um dos seus ministros lançaram fortes críticas contra o Presidente francês, Emmanuel Macron, e a sua mulher.
Desde que chegou ao poder, em 2017, Emmanuel Macron nunca visitou a América Latina numa viagem bilateral oficial.
Na conferência de imprensa no Itamaraty, a ministra francesa rejubilou-se pela retoma das relações com o Brasil, na primeira visita ministerial francesa ao país desde 2019.
“O encontro marca o início de uma retoma de uma parceria política que une os países há 15 anos”, disse Catherine Colonna, que ainda ontem se iria encontrar no Palácio do Planalto com Lula da Silva e com a ministra do Ambiente, Marina Silva.
Em relação ao acordo entre o Mercosul (bloco formado pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) e a UE, Catherine Colonna recordou as normas ambientais e a normas sociais impostas pela União Europeia para que esse acordo seja concretizado
Por outro lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil disse que o país tudo fará para fazer cumprir os desejos do Presidente brasileiro, Lula da Silva, que disse, durante a visita do chanceler alemão a Brasília, que quer fechar o acordo UE-Mercosul até ao fim do primeiro semestre.
Relativamente a encontros entre Lula da Silva e Emanuel Macrom, os dois responsáveis diplomáticos deram a entender que poderá acontecer em junho, em Paris, ou na cimeira da Amazónia, reunião articulada por Lula da Silva com os países que têm território no bioma, como é o caso da Guiana Francesa.
“O Presidente está muito feliz em vir ao Brasil. A data poderia ser, eu disse no condicional, poderia ser na Cúpula da Amazónia”, disse a ministra francesa, referindo-se ao Brasil como um “parceiro de primeiro plano” e com quem a França partilha a “sua maior fronteira terrestre”.
Esta quinta-feira, a ministra francesa segue para São Paulo, o principal centro económico e financeiro do país.
A governante francesa recordou a importância da relação bilateral: a França é o terceiro maior investidor estrangeiro no Brasil, com cerca de 30 mil milhões de euros de investimento.
É também o principal empregador estrangeiro com 500.000 empregados brasileiros a trabalhar para 1.100 empresas francesas.
Em 2006, sob o comando de Jacques Chirac e Luiz Inácio Lula da Silva, França e Brasil lançaram uma parceria estratégica ambiciosa em várias áreas: militar, espacial, energética, económica, educativa, transfronteiriça, ajuda ao desenvolvimento e cooperação transfronteiriça.
Parceria que agora os dois países ambicionam reforçar.