Os produtos tóxicos dos edifícios estão a pôr em risco a nossa saúde?



Um estudo publicado recentemente destaca os perigos potenciais de um vasto, e pouco conhecido, leque de produtos químicos utilizados nos materiais de construção que podem pôr em risco a saúde humana.

Estes produtos químicos são amplamente utilizados na construção e estão presentes nas paredes, tectos e chão de novas casas, escolas, hospitais e escritórios, locais onde a maior parte das pessoas passa cerca de 90% do seu tempo.

Nestes químicos prejudiciais incluem-se neurotoxinas, substâncias cancerígenas, hormonas artificiais e desreguladores reprodutivos, que podem estar a ter um papel activo no aumento dos problemas de saúde das populações. Uma equipa de cientistas norte-americanos, em parceria com a Rede de Edifícios Saudáveis, realizou um estudo focando-se num problema específico: a asma.

“Apesar de se dar mais atenção e de se intervir mais do que nunca, as taxas de asma continuam a aumentar”, afirma o fundador e director executivo da Rede de Edifícios Sudáveis, Bil Walsh, ao The Huffington Post. “Existem produtos químicos nos materiais de construção que podem causar asma”, sublinha.

Ao cruzar uma lista de substâncias químicas que provocam asma com outras substâncias suspeitas presentes em mais de 1.300 produtos de isolamento, pavimentação e outros materiais de construção, a equipa de Walsh identificou uma lista prioritária de materiais que não devem ser utilizados, de forma a prevenir a asma. Estes 20 produtos destacados têm elevado potencial para desencadearem ataques de asma mas também para serem inalados ou ingeridos pelos ocupantes do edifício.

Muitos compostos orgânicos voláteis, como o formaldeído, foram incluídos na lista e as emissões potencialmente tóxicas destes produtos aumentam quando são novos. Os compostos orgânicos semi-voláteis, que não são tão apreciados pela indústria da construção, também incorporam a lista, devido à propensão para criar riscos interiores de longo prazo à medida que se degradam.

“Aquele cheiro a novo dos edifícios ou dos carros é cheiro a veneno”, declara o presidente-executivo do Bullitt Foundation, o edifício comercial mais verde do mundo, que excluiu da sua construção 360 produtos tóxicos.

Os retardadores de chama, os plastificantes de ftalato e outros materiais foram identificados como desreguladores hormonais. Mais conhecidos pelas suas ligações crescentes à obesidade, ao cancro da mama e ao défice de atenção, os estudos indicam que os produtos químicos podem afectar o desenvolvimento pulmonar em fetos, bebés e crianças pequenas. “Isto pode criar condições que realmente conduzem à asma”, explica Walsh.

Eficiência energética está a aumentar

Nas últimas décadas, à medida que cada vez mais produtos químicos entram no quotidiano humano, os padrões de eficiência energética dos edifícios aumentam. No entanto, mesmo os edifícios que possuam certificação energética podem ainda estar cheios de produtos tóxicos. “Normalmente, as pessoas assumem que um edifício verde é bom para a saúde”, indica Walsh. “Porém, não há nenhum pré-requisito de indicadores de saúde baseados nos produtos químicos e as pessoas podem fazer assunções que não são garantidas”.

Porém, estão a ser tomadas algumas medidas para ter em conta os indicadores de saúde nos edifícios sustentáveis. Numa conferência em Novembro, os reguladores das certificações energéticas revelaram novos requisitos para a obtenção destes certificados, que são uma oportunidade para os construtores eliminarem certos agentes tóxicos.

Assim, não só beneficiariam os utilizadores dos edifícios, como também a indústria da construção e da manutenção, bem como os bombeiros que são expostos aos fumos tóxicos em caso de incêndio dos edifícios.

Foto:  curtis palmer / Creative Commons





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