Macaco de nariz arrebitado do Myanmar finalmente “apanhado” em vídeo



A Fauna & Flora International (FFI) captou o primeiro vídeo de sempre do recém-descoberto macaco de nariz arrebitado, no estado de Kachin, em Myanmar. Descoberto em 2010, o macaco de nariz arrebitado tem mantido um perfil bastante reservado e evitando os olhares dos cientistas que, ansiosos, esperavam vê-lo de perto.

Depois de mais de um ano de investigações de campo, o macaco só foi visto em armadilhas fotográficas, que deixavam os biólogos da FFI na expectativa por avistamentos mais directos.

O membro da equipa da FFi, Kaung Haung, da tribo local Law Waw, foi finalmente o primeiro a encontrar um grande grupo destes primatas em Kachin, enquanto verificava as armadilhas fotográficas.

Emocionado e com as mãos trémulas, Haung filmou o grupo de macacos de nariz arrebitado a pularem de galho em galho, sobre as árvores. “O vídeo é uma prova da contínua presença desta espécie ameaçada e dá-nos um primeiro vislumbre da organização do macaco de nariz arrebitado”, explicou Frank Momberg, director do programa da FFI para Myanmar.

“A partir destas imagens é possível determinar claramente que [estes] vivem em grandes grupos, ao contrário de outros macacos que vivem em unidades familiares menores. Isso significa que a sua organização e comportamento social é similar a outros semnopitecos, o que define o género para além de outros macacos. Isto significa também que os grupos maiores requerem grandes áreas de utilização e que as maiores áreas de floresta contígua precisam de ser protegidas para garantir a sobrevivência da espécie”, acrescentou Momberg, de acordo com o Phys.

O macaco de nariz arrebitado de Myanmar está listado como uma espécie criticamente ameaçada na Lista Vermelha da IUCN, contando apenas com cerca de 260 a 330 indivíduos a viverem em estado selvagem. Para além disso, todas as outras espécies de macacos de nariz arrebitado estão também classificadas como ameaçadas ou criticamente ameaçadas.

Veja o vídeo no site do Phys.

Desde a descoberta da espécie, a FFI iniciou um programa de conservação de base comunitária, que fornece meios de subsistência alternativos aos caçadores indígenas locais, factor que já teve um impacto significativo na redução da caça.

A caça para alimentação e para a medicina tradicional, bem como o desmantelamento acelerado pela exploração de madeira ilegal chinesa, são as principais ameaças para estes enigmáticos animais.

No entanto, a extracção ilegal de madeira continua a ameaçar esta espécie. Devido a recentes conflitos armados, esta situação parece estar um pouco fora do controlo do Estado e as estradas de madeira chinesas continuam a ser uma cicatriz nos Himalaias.





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