Água da torneira ou água engarrafada? As estranhas contas do Parlamento português.



Pela segunda vez, o conselho de administração da Assembleia da República de Portugal rejeitou a introdução de água da torneira nas reuniões parlamentares. Desta vez, porém, explicou a decisão com números. O problema é que estes são, no mínimo, estranhos.

Ora vejamos. De acordo com a Assembleia da República, a água engarrafada servida nas reuniões da comissão do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Poder Local – sim, porque a hipótese nunca foi colocada a todo o Parlamento – custa €259 por mês (R$ 588).

Servir água da torneira à mesma comissão, de acordo com o Assembleia da República, custa 30 vezes mais. Sim, leu bem, 30 vezes mais. O cálculo incluiu os custos do pessoal “para o enchimento, limpeza, colocação e arrumo dos vasilhames”, no valor de €2,730 (R$ 6.203) – dez vezes o valor da própria água mineral.

“Estas pessoas teriam que ser pagas para estar lá durante o tempo todo da comissão para ir buscar e trazer a água”, explicou ao Público o presidente do conselho de administração da Assembleia da República, António Couto dos Santos.

Mas há mais. O Conselho de Administração considerou também o custo dos jarros em si, e avaliou-os nuns astronómicos €4.680 (R$ 10.635).

O Green Savers não sabe onde os funcionários da Assembleia da República, normalmente, compram os jarros da sua casa, mas deixa a dica. Qualquer que tenha sido a empresa responsável por este orçamento, ele está sobreavaliado.

“Face aos encargos evidenciados, o Conselho de Administração pronunciou-se favoravelmente à utilização de água engarrafada, considerando que o respectivo uso, enquanto recurso geológico nacional distribuído por empresas portuguesas, assegura as melhores condições aos utilizadores internos e aos convidados da Assembleia da República, a um custo sem significados financeiro”, concluiu o documento.

Finalmente, e para o próximo concurso de fornecimento de água, previsto para Julho, o mesmo órgão sugeriu que se exijam garrafas de vidro, reutilizáveis. “É um absurdo populista que até custa a acreditar que venha de deputados”, resumiu Couto dos Santos. “Se isso é a resolução dos problemas do país? Temos tanto para nos ocupar.”

Pode ler as reacções da imprensa portuguesa aqui e aqui. E da Quercus, aqui.





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