Ambientalistas organizam marcha Ibérica contra a Mina de Urânio de Retortillo



É já neste fim-de-semana, dias 5 e 6 de Maio, que se realiza a Marcha Ibérica em Comboio contra a Mina de Urânio projectada para a zona de Retortillo, Salamanca. Esta marcha é organizada conjuntamente pela Plataforma Stop Uranio de Salamanca e as associações portuguesas QUERCUS e AZU, decorrendo ao longo da linha de comboio que percorre o Vale do Douro, desde o Pocinho até ao Porto, e com paragem na Régua.

Em comunicado, a Quercus lembra que “agora que 20 anos se passam desde o desastre de Aznalcóllar, é importante recordar que o desenvolvimento de projectos de mineração de urânio a céu aberto do outro lado da fronteira pode representar um tremendo risco para a vida do rio Douro e dos seus habitantes.” Como solução, esta associação ambientalista defende que “apenas com o funcionamento normal das instalações projetadas para Retortillo, Salamanca (mina de urânio e fábrica de concentrados), o rio Yeltes, afluente do rio Douro, ficará extremamente contaminado segundo um estudo encomendado pela WWF a dois cientistas da Universidade de Castilla La Mancha.”

E qual o papel de Portugal, caso o projecto avance? “No caso deste projecto avançar, Portugal também deverá ser impactado com a poeira radioactiva e o gás radão que serão emitidos pelas minas de urânio que a Berkeley Minera planeia abrir em Retortilo, Salamanca.”

Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente, o projecto de exploração mineira de urânio em Retortillo é “susceptível de ter efeitos ambientais significativos em Portugal”, pela proximidade com a fronteira, e tendo em “atenção a direcção dos ventos” de Este e Nordeste. E se esse perigo é potencial no caso de Retortillo, para a mina projectada para Alameda de Gardón, município limítrofe com Portugal, a perturbação do território português é mais do que evidente.

No estudo preliminar sobre a Avaliação do Impacte Ambiental da mina de Alameda, assinala-se a necessidade de contar com relatórios sobre os efeitos transfronteiriços do projecto, mas o governo espanhol não quer dar informações, apesar de estas terem sido solicitadas pelo senador Carles Mulet.

“Mais uma vez, e apesar de ser óbvio que Portugal sofrerá as consequências de uma potencial exploração mineira de urânio em Salamanca, as administrações espanholas não consultaram o país vizinho, nem submeteram a consulta pública transfronteiriça os distintos projectos de mineração de urânio em Salamanca, ignorando assim os tratados assinados entre os dois países”, lembram.

De recordar que no passado dia 16 de Março, teve lugar um debate na Assembleia da República Portuguesa sobre a mina de Retortillo, em que todos os grupos parlamentares foram unânimes ao exigir firmeza por parte do Governo português, na defesa do território e das suas populações, face à ameaça que pende sobre Portugal, e em especial sobre toda a zona do Douro.

Dar a conhecer à opinião pública portuguesa a problemática e os perigos que implica para Portugal a instalação de uma mina de urânio e uma fábrica de concentrado no Campo Charro de Salamanca é assim o objectivo desta Marcha Ibérica.

As três Associações defendem que é necessário que o processo da mina de urânio de Retortillo seja suspenso de imediato e se realize uma avaliação de impacte ambiental transfronteiriça, conforme a legislação em vigor. Defendem também que no final do processo, e de modo a defender a saúde e o bem-estar dos cidadãos de Portugal e de Espanha, assim como os importantes valores naturais em presença, o Governo Espanhol não autorize a exploração de urânio em Retortillo.

Foto: Eldiario.es





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