Brasil: escassez de chuva ameaça PIB e segurança alimentar



A seca e escassez de chuva no Brasil está a impactar vários sectores de actividade económica, ameaçando o PIB e a segurança alimentar. Segundo o Planeta Sustentável, os exemplos sucedem-se: o turismo da Ilha Solteira, em São Paulo, está a cair bruscamente devido à crise hídrica; toneladas de peixes morrem por falta de oxigénio das pisciculturas; há casas sem água e a irrigação na agricultura é interrompida pela mesma razão.

Por outro lado, as barcas que transportam grãos estão paralisadas desde Maio de 2014, por falta de profundidade do caudal de água, o que torna necessário alugar camiões para o mesmo serviço, elevando os custos e poluição.

Leia a história da Ilha Solteira no Planeta Sustentável.

Na cana-de-açúcar, a perda de produtividade foi significativa. Não se chegou próximo ao valor de referência de 80 t/ha (toneladas de cana por hectare) na última colheita, pelo que algumas fábricas trabalharam com uma produtividade de apenas 50 t/ha.

“A fábrica de Santa Adélia, uma das maiores da região de São Paulo, é de co-geração e produz simultaneamente e álcool e energia. Ela queima bagaço e gera energia. Se ela dependesse somente da venda de álcool, certamente teria demitido funcionários”, explicou ao Planeta Sustentável Fernando Braz Tangerino Hernandez, professor e pesquisador do Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos da Unesp.

“As fábricas que não possuem cogeração estão numa situação crítica. Temos 453 fábricas de açúcar e álcool no país. Dessas, 83 estão fechadas ou em recuperação”, concluiu.

Segundo o professor, o seco está cada vez mais seco e as chuvas estão cada vez mais intensas e localizadas. No relatório do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), datado de 2013, 350 cientistas, prevêem um cenário alarmante se os níveis de emissões de gases causadores de efeito estufa permanecerem altos.

A agricultura e o sector de energia do Brasil poderão ser fortemente impactados, sob risco de queda brusca do Produto Interno Bruto (PIB) e até de segurança alimentar. Segundo o documento, a temperatura no Brasil pode aumentar de 3ºC a 6ºC até 2100. Assim, o país sofrerá ainda mais com uma possível escassez de chuvas, como acontece agora. “Temos que desenvolver a resiliência e aprender a conviver com isso. Recompor as matas ciliares, plantio directo, conservação do solo, intercepção da água das chuvas, proteger as nossas nascentes. E precisamos de árvores”, concluiu o professor”.

Foto: Serra da Cantareira, São Paulo. Luciano Marra / Creative Commons





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