Corais duros vieram das profundezas marinhas e foram colonizando os mares até à superfície



Os corais escleractíneos, ou duros, formam um grupo de corais que abrange várias espécies que terão surgido há cerca de 415 milhões de anos, nas profundezas dos mares, abaixo dos 200 metros.

Agora, uma equipa de cientistas, liderada por Ana Campoy, investigadora do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve, revela, num estudo divulgado na revista ‘Nature Communications’, que os primeiros corais terão tido origem a essas profundidades e que, com o tempo, foram colonizando as camadas marinhas superiores, até chegarem às águas mais superficiais.

Num artigo publicado no site desse centro de investigação científica, é-nos dito que os corais duros, dos quais 513 espécies foram abrangidas por este estudo, “são diferentes dos que formam extensos recifes em águas tropicais, como a icónica Grande Barreira de Coral”. Isto, porque esses antepassados dos corais eram solitários, e, por isso, não formavam colónias nem recifes, e porque, vivendo na escuridão, alimentavam-se de plâncton suspenso na água.

Através de análise filogenética, os investigadores puderam ‘recuar’ na história evolutiva desses corais para perceber como conseguiram colonizar águas menos profundas. A resposta parece estar na simbiose com pequenas algas chamadas zooxantelas.

Ao associarem-se a essas microalgas, os corais foram sendo capazes de se fixarem e singrarem em zonas marinhas mais superficiais e iluminadas, recebendo dos parceiros simbióticos energia através da fotossíntese.

“O estudo concluiu que o início da simbiose com zooxantelas desencadeou uma rápida colonização dos corais e o sucesso em águas pouco profundas, enquanto a colonização das águas mais profundas foi muito mais lenta. Descobriram também que os corais coloniais e não zooxantelados mostraram uma agilidade notável na colonização de diferentes profundidades, particularmente em águas pouco profundas”, diz o texto do CCMAR.

Os cientistas acreditam que este trabalho fornece “informações valiosas sobre a forma como a vida marinha se adaptou ao longo de milhões de anos”, bem como ajuda a guiar a “conservação destes ecossistemas marinhos vitais para as gerações futuras, uma vez que as taxas de colonização crescentes provenientes de zonas mais profundas podem indicar uma oportunidade de conservação”.





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