“O lixo marinho é um problema global que requer uma ação local”, diz investigadora portuguesa



A poluição dos mares e oceanos é uma das grandes crises que marcam o nosso tempo. O plástico está a inundar os ecossistemas marinhos, ameaçando inúmeras formas de vida e outros tantos habitats de que as sociedades humanas dependem para viver, colocando em risco uma importante fonte de oxigénio e um aliado fundamental no combate aos efeitos das alterações climáticas.

Em 2022, em Lisboa, durante a cimeira global dos oceanos, o Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou que estamos a viver uma “emergência oceânica”, resultante da forma como temos lidado com o planeta e com esses sistemas, tomando-os por garantidos.

O alerta é agora reforçado por Sara Bettencourt, investigadora do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente. Depois de quatro anos a estudar o lixo marinho nas águas marinhas e praias do Funchal, na Ilha da Madeira, a recém-doutorada avisa que “o lixo marinho é um problema global que requer uma ação local, onde cada indivíduo tem um papel importante”.

Para a cientista, trata-se de “um problema de todos que requer uma ação conjunta, sendo por isso fulcral consciencializar para atuar”.

Ao longo do desenvolvimento da sua tese de doutoramento, que se apoiou em várias amostras recolhidas na Praia Formosa e na para do Almirante Reis, Sara Bettencourt relata que se deparou com grandes quantidades de lixo marinho. “Pedaços de embalagens de cigarros, palhinhas”, bem como “objetos de papel e cartão” foram alguns os resíduos encontrados pela investigadora, que explica, no entanto, que parte desse lixo não foi necessariamente descartado pelos banhistas, mas que, ao invés, terá sido arrastado até às praias pelas ribeiras.

O trabalho, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), contou também com ações de educação e sensibilização da população, desde as crianças das escolas aos idosos de universidades séniores, que permitiram à investigadora destacar a importância de iniciativas desse género para combater o flagelo da poluição marinha.

“Com este trabalho consegui compreender que, de facto, a educação, sensibilização e corresponsabilização da população para a temática do lixo marinho são essenciais para a mudança de perceções, conhecimentos e intenções comportamentais”, explica, observando que “o trabalho mostrou que se deve englobar diversos públicos, pelo que será também importante continuar esta vertente de explorar alvos para além dos estudantes, ou seja, considerar a vertente da educação não formal nestes trabalhos”.

A tese de Sara Bettencourt foi avaliada em 19 valores, um resultado que acolheu com “muita alegria”.





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