Serra Leoa: engenheiro transforma carros velhos em máquinas de preservativos



Em 1997, com um investimento de €75 (R$ 176), Foday Melvin Kamara fundou um negócio que, 15 anos depois, o levou a dar entrevistas aos principais jornais e televisões do globo.

Kamara, que nasceu há 53 anos na Serra Leoa, especializou-se em transformar partes de velhos automóveis em todo o tipo de maquinaria, desde equipamentos para a agricultura ou até máquinas de venda de preservativos.

O dinheiro, poupado enquanto Foday estudou Engenharia Automóvel na Alemanha, serviu para arrendar uma casa e comprar uma série de produtos de metal, que começou a reutilizar em maçanetas de porta e pás.

Apaixonado por mecânica, Foday Kamara aproveitou o impulso económico e de infra-estruturas que se seguiu ao fim da guerra civil na Serra Leoa, em 2002, e começou a expandir o seu negócio.

“Estamos a converter resíduos em riqueza”, explicou o responsável à BBC. Empregando já 28 pessoas, a Finic (Fomel Industry and National Industrialisation Center) continua no seu core business inicial: transformar carros velhos em máquinas de moagem de arroz, equipamentos para quebrar e processar cocos, equipamentos para fazer sumos e, claro, as máquinas para venda de preservativos.

Segundo Kamara, a ideia para produzir máquinas de venda de preservativos foi-lhe sugerida pelo Fundo de População das Nações Unidas.

“Contactaram-nos e nós desenvolvemos um design que disponibiliza um preservativo de cada vez. Ficaram tão agradados que perguntaram se não poderíamos desenvolver um design que permitisse tirar um pacote de cada vez”, explicou o empresário.

“Agora estamos a produzir máquinas que oferecem um pacote por cada moeda de €0,3 (R$ 0,8) inserida.

As máquinas estão disponíveis em centros de entretenimento, casas de hóspedes, hotéis e no exterior de farmácias.

Casado e com quatro filhos, Foday quer agora entrar no sector das renováveis, chegar a todas as províncias da Serra Leoa  e continuar a contribuir para a redução da crónica dependência de importações do País.

“Queremos investir na biomassa, que podemos utilizar na produção de electricidade para as electrificações rurais”, explicou o empresário. Quanto à Finic, a empresa está de vento em popa e vale hoje €760 mil (R$ 1,7 milhões).

Descoberta em 1460 pelo português Pedro de Sintra, a Serra Leoa tornou-se mundialmente famosa em 2006, com o filme Diamante de Sangue, que contava a história de um sobrevivente da violenta guerra civil daquele País, Ishmael Beah.

São exemplos como a Finic e Foday Melvin Kamara que nos levam a crer que o País estará no bom caminho. O do renascimento económico, social e do desenvolvimento sustentável.





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