Fundo para Proteção do Lobo Ibérico lamenta redução da proteção do lobo

O Fundo para a Proteção do Lobo Ibérico, apoiado por mais de 40 organizações em Portugal e Espanha, lamentou hoje a decisão do Parlamento Europeu de modificar o estatuto de proteção do lobo na União Europeia (UE).
“Hoje, os lobos europeus foram degradados. Hoje, a conservação da natureza na Europa está degradada”, afirmou o Fundo num comunicado.
O Parlamento Europeu aprovou hoje, com 371 votos a favor, 162 contra e 37 abstenções, a redução do estatuto do lobo de “muito protegido” para “protegido” na UE.
O novo estatuto, que tinha já luz verde do Conselho da UE, onde estão representados os Estados-membros, e que foi apresentado pela Comissão, permite a gestão da população de lobos, nomeadamente através da caça.
A votação de hoje, diz-se no comunicado, foi precedida pelo relatório do Conselho Económico e Social Europeu (CESE), no qual se desaconselhava a redução da proteção do lobo na Europa, apostando antes em medidas de prevenção, educação, sensibilização e mediação social.
Nesse relatório sustentava-se que os dados científicos mostram que a eliminação sistemática dos animais não reduz os conflitos com a pecuária, a não ser que seja realizada a níveis insustentáveis e fora da lei, e recomendavam-se medidas preventivas, como cercas, cães, pastores ou compensações céleres para os lesados.
O CESE pedia também que se intensificassem os protocolos de vigilância contra a caça furtiva e práticas ilegais, entre outras medidas.
“Tudo isto corre o risco de ser desperdiçado após a votação de hoje”, diz o Fundo, que vai estabelecer contactos com grupos ambientalistas europeus, para avaliar possíveis ações judiciais após a “lamentável decisão”.
No final de abril, o governo das Astúrias publicou uma resolução que aprova o plano anual de abate de 53 lobos, tendo o Fundo anunciado que iniciará todas as ações legais e administrativas para impedir que tal aconteça.
O Fundo também já tinha interposto recurso contra a resolução do governo da Cantábria que aprovou o abate de 41 lobos.
A votação do Parlamento Europeu também foi criticada por organizações ambientalistas europeias, que hoje em comunicado recordaram que a questão começou em setembro de 2023, quando a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu a redução da proteção da espécie após a morte do seu pónei, Dolly, alegadamente devido a um ataque de lobo.
Em dezembro de 2023, a Comissão Europeia propôs a redução da proteção da espécie ao abrigo da Convenção de Berna. Apenas um ano antes, a UE tinha rejeitado a mesma proposta por falta de base científica.