Reutilização e sistemas de depósito e reembolso podem ajudar a acabar com poluição por plástico até 2040
Estima-se que atualmente cerca de 130 milhões de toneladas de plástico entram no ambiente todos os anos, e essa quantidade poderá chegar aos 280 milhões em 2040 se não se agir imediatamente. Mas a reutilização e sistemas de depósito e reembolso podem ajudar a acabar com a poluição por plástico nos próximos 15 anos.
Essa é uma das principais conclusões de um relatório divulgado esta quarta-feira pela organização não-governamental Pew Charitable Trusts, no qual é feita uma avaliação do sistema global dos plásticos para perceber como se pode reduzir a produção e combater a poluição associada.
A análise prevê ainda um aumento de 52% na produção de plástico durante o mesmo período de 15 anos, um ritmo que os relatores dizem “ultrapassar largamente as melhorias na gestão de resíduos”.
Além disso, chamam a atenção para o agravamento dos impactos na saúde humana resultantes da poluição por plásticos, especialmente através da incineração desses resíduos a céu aberto, um impacto que se prevê aumentar em 130% até 2040.
Contudo, os especialistas argumentam que, usando soluções existentes, é possível reduzir em mais de 80% a poluição anual por plástico, cortar em 38% as emissões de gases com efeito de estufa e reduzir em mais de metade os impactos na saúde. Além disso, a poluição por embalagens de plástico, que apontam como a maior fonte de resíduos de plástico, poderá praticamente ser eliminada até 2040.
O relatório sugere que uma das principais soluções é apostar mais fortemente na reutilização e em sistemas de depósito e reembolso, como o que arrancará em Portugal a partir de 10 de abril de 2026. Essas medidas, quando aliadas a outras como proibir certos polímeros e substituir, onde possível, o plástico por outros materiais, podem reduzir quase a zero a poluição por embalagens de plástico nos próximos 15 anos.
Os autores alertam para os custos de adiar medidas como essas, estimando que se se esperar apenas cinco anos para agir mais 540 milhões de toneladas de plástico entrarão no ambiente, 1.100 milhões de toneladas de novos plásticos serão produzidas e governos e empresas terão de desembolsar mais milhares de milhões na gestão de resíduos de plástico.
“Os resíduos de plástico prejudicam a nossa saúde através da incineração a céu aberto, da libertação de químicos e dos microplásticos”, explica Costas Velis, da Imperial College London e um dos coautores.
“Se não fizermos nada, riscos associados como o cancro, doenças cardíacas, asma, problemas de fertilidade e de desenvolvimento aumentarão. Mas esse agravamento não é inevitável. Este relatório mostra um caminho para reduzir a poluição em 83% até 2040. É ambicioso, mas é possível.”