Captura de peixe está muito próxima do limite



A produção global de peixe está a atingir o seu nível máximo histórico e, segundo a Organização para a Alimentação e Agricultura da União Europeia (FAO), até 2025 os valores poderão aumentar ainda mais 17 por cento.

Em todo o mundo, a sobre-exploração da pesca mais que triplicou os seus valores desde 1970, com quase 40 por cento das espécies mais conhecidas a serem capturadas de forma insustentável, anunciou agora a União Europeia, no seu relatório bi-anual sobre a pesca mundial.

Manuel Barange, director das pescas para a União Europeia, disse ao Guardian que a taxa de sobre-pesca  nas regiões do Mediterrâneo e do Mar Negro, com niveis de 60 por cento, foi “particularmente preocupante”.

“ Há um limite absoluto para o que podemos extrair do mar e, provavelmente, está muito próximo dos níveis de produção actuais, estabilizados nos últimos anos. Eles têm subido um pouco nos últimos anos, mas não esperamos um elevado crescimento por causa do aumento galopante da produção em aquacultura”, avançou Manuel Barange.

A indústria piscatóra está a passar por grandes mudanças, com estimativas a apontar que,  lá para 2021, a pesca por aquacultura será a maior fonte de consumo de peixe, ultrapassando assim a pesca selvagem.

Com o consumo global de peixe per capita a atingir valores de cerca de 20 kg, é necessário repensar como é feita a produção da alimentação mundial. “Na luta para nos certificarmos que há comida suficiente para alimentar as mais de 9 mil milhões de pessoas, a existir em 2050, qualquer fonte de nutriente e micronutriente é bem-vinda”, comenta Barange.

Para Lasse Gustavssin, director da Oceana, projecto para a conservação marinha, a gestão de uma pesca sustentável a longo prazo tem de ser encarada como uma prioridade. “ Neste momento, temos mais de um quinto dos stocks globais de peixes  em níveis alarmantes, quando comparado com o que tinhamos em 2000. O impacto global da sobre-pesca é incalculável e os danos que pode provocar nas economias costeiras é tal que, a situação não pode mais ser ignorada”, avança Lasse Gustavssin.

Globalmente, porém, os que mais lucram com o cresente aumento da indústria piscatória são em países em desenvolvimento. Só em 2014, as exportações de peixe já excederam as receitas comerciais combinadas da carne, tabaco, arroz e açúcar.





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