Catatua presente em pintura europeia obriga a revisão da História (com FOTO)
Nos últimos 500 anos, uma bonita catatua tem estado retratada na Virgem Maria do pintor italiano Andrea Mantegna, no quadro Madonna della Vittoria. No entanto, até há pouco tempo, ninguém tinha dado muita atenção a esta ave, ainda que a representação deste animal possa forçar uma revisão da história.
De acordo com o The Guardian, o historiador Heather Salton, da Universidade de Melbourne, folheava um livro sobre a arte do Renascimento quando reparou numa ave que supostamente é uma cacatua de crista amarela, presente nesta pintura de Mantegna de 1496.
A descoberta deste facto vai contra algumas cronologias históricas, nomeadamente no que respeita ao facto desta cacatua ser nativa da Austrália e da Nova Guiné, zonas do mundo que os europeus supostamente só conheceram 100 anos depois.
“Todas as pessoas com quem falei sobre este assunto deram-me a certeza que é uma cacatua de crista amarela, e eu demorei 10 anos a relevar este facto porque queria ter certezas” – referiu o investigador ao The Guardian.
Dalton diz que é possível que Mantegna tenha obtido uma imagem de uma cacatua para poder copiar o pássaro para a sua obra, no entanto existem boas razões para acreditar que ele tenha visto um pássaro vivo.
“É muito realista, pois está a olhar para a frente de forma relaxada”, referiu o historiador, acrescentando que este facto “é pouco comum porque pinturas posteriores de catatuas, no século XVII, mostram-nas de lado e com a crista erecta – sinal de que estavam mortas”.
“Estas catatuas podem viver mais de 60 anos, por isso ela poderia ter durado todo o percurso da viagem da Rota de Seda e ter sido incluída na pintura como símbolo do luxo, para demonstrar a riqueza da família que encomendou a obra.
A catatua pode ter sido transportada da Austrália ou Indonésia, via China, alterando o que até então era conhecido sobre as rotas comerciais da Europa.
“A dinastia Ming, na China em 1430, reduziu o comércio e obrigou os comerciantes da Indonésia a olhar para o comércio da Índia e no Médio Oriente, o que os poderia conduzir de seguida para Veneza”, referiu o historiador ao The Guardian, acrescentando que “isto pode explicar o porquê da cacatua estar em Veneza”. “Se vem da Austrália ou Timor, ainda não se sabe, mas penso que muita gente vai olhar para estes quadros de forma diferente a partir de agora”.
Em Janeiro, num livro de orações com 500 anos pertencente a uma freira portuguesa, aparece representado um canguru. Este facto foi visto como a prova de que os holandeses não foram os primeiros europeus a chegar à Austrália.