Celulose é a grande culpada da poluição no Tejo, assume Ministro do Ambiente
“Qual é a causa da poluição que apareceu no sul de Abrantes? Não temos a menor dúvida. É a celulose, as fibras celulósicas que estavam concentradas a um nível cinco mil vezes acima do normal. Não temos a mais pequena dúvida a esse respeito. Não vou dizer que são 100%, mas a quase totalidade vem da indústria do papel.”
Quem o diz é João Matos Fernandes, Ministro do Ambiente, quando questionado sobre qual a origem da poluição intensa que recentemente cobriu o leito do Rio Tejo, especialmente na zona de Abrantes. Em causa está a intensa poluição que durante vários dias manchou a zona, com o caso já entregue às entidades judiciais.
Na sequência de várias denúncias que apontavam a empresa Celtejo como a origem deste flagelo ambiental, foi aberto inquérito-crime à empresa de Vila Velha de Rodão. Sob segredo de justiça estão já os resultados das amostras recolhidas no local por inspectores do Ministério do Ambiente. Ao Ministério Público cabe agora a tarefa de investigar se houve mão criminosa nas descargas feitas directamente para o Tejo, ou se se tratou de um acidente.
“O Tejo está agora mais limpo”, garante João Matos Fernandes, numa altura em que continuam a ser urgente a intervenção para recuperação dos estragos ambientais. No local há ainda longo trabalho a fazer, com a prioridade a ser a remoção da espuma e dos mais de 30 mil metros cúbicos de sedimentos, que cobrem agora o fundo da albufeira do Fratel.
Mas o que fazer no futuro para evitar que tal situação se repita? João Matos Fernandes assume que é urgente uma revisão das licenças de efluentes das empresas que se dedicam à produção de pasta de papel, sem que estas percam a sua capacidade de “criar riqueza”. Para o ministro é necessário no entanto que haja garantias que as “rejeições dos seus efluentes têm qualidade ao nível da quantidade de oxigénio dissolvida muito próxima daquela que é o oxigénio dissolvido na água captada”, alerta o ministro.
Entretanto, 40 estações de tratamento de águas residuais (ETAR) estão já a ser notificadas pelo Ministério do Ambiente, com o aviso de que haverá uma nova avaliação das descargas e respectivas licenças. É o caso da Celtejo de Vila Velha de Ródão e da Caima de Constança, ambas empresas produtoras de celulose.
Foto: Arlindo Consolado Marques Facebook