E se o mundo inteiro vivesse numa única cidade?
É difícil pensar numa urbanização global à escala das cidades individuais que hoje temos. Como podemos então começar já a reflectir acerca das consequências da urbanização mundial?
Joyce Hsiang e Bimal Mendis acreditam que a única forma de estudar e planear um planeta urbano passa por encarar toda a sua população como uma paisagem perfeita – a imagem de sete mil milhões de indivíduos, como se todos vivêssemos numa única cidade maciça.
É esta a premissa que sustenta o projecto de investigação The City of 7 Billion, com que a dupla ganhou o Latrobe Prize 2013, no valor de €77.330 (R$ 198.332), do College of Fellows do American Institute of Architects.
Com o modelo geo-espacial que estão a criar – como um Google Earth super avançado, open source –, Hsiang e Mendis esperam conseguir estudar o impacto do crescimento da população e do consumo de recursos à escala global. Eles propõem-se assim a pensar o mundo como uma única entidade urbana.
A dupla não sabe exactamente qual será o aspecto final. Mas pretendem alimentar o seu modelo geo-espacial com dados mundiais sobre crescimento da população, indicadores económicos e sociais, topografia, ecologia e muito mais.
Em última análise, eles esperam que outros investigadores sejam capazes de usar a plataforma para a pesquisa relacionada com padrões de desenvolvimento ou qualidade do ar. O público, por sua vez, será capaz de a usar para compreender as implicações da construção numa planície sujeita a inundações ou da implementação das políticas de energia. Os arquitectos poderão usá-la para ver o mundo como se fosse um único projecto.
Todo este esforço já havido começado a crescer em tentativas anteriores de definir e medir o conceito abstracto de sustentabilidade nos centros urbanos, segundo o The Atlantic Cities.
A dupla havia ilustrado visualmente a densidade populacional num período de tempo de 25 anos, de 1990 a 2015, em dezenas de cidades – veja aqui e aqui. Pegando numa visualização espacial, criaram uma instalação física que ocupou a Chengdu Biennale de 2011, na China. Eles projectaram a distribuição mundial da população numa espécie de mapa invertido em que os visitantes podiam entrar, com a América do Norte a ocupar o tecto, a Ásia uma parede e África a outra.
Agora, Hsiang e Mendis encaram The City of 7 Billion como um trabalho em progresso por tempo indeterminado, que durará para lá dos próximos dois anos. “Este é um tipo de projecto que, quando se embarca nele, embarca-se para o resto da vida”, disse Hsiang.