James Murphy (LCD Soundsystem) quer substituir som dos torniquetes do metro de Nova Iorque (com VÍDEO)
Há 15 anos que o músico e produtor nova-iorquino James Murphy, mais conhecido pelo seu trabalho com os LCD Soundsystem, anda a inventar sons para serem utilizados no metro de Nova Iorque – sobretudo nos torniquetes. “É um beep horrível, desafinado, o dos torniquetes”, explicou Murphy ao The Wall Street Journal.
O projecto do músico tem estado a ser melhorado e chegou a altura de o implementar. É que o metro de Nova Iorque acabou de anunciar um investimento de €650 mil/ano no melhoramento da passagem de passageiros nas suas estações, o que implica mudar mobília, torniquetes e saídas de emergência. “É a altura certa para implementar o meu projecto”, explicou o músico.
O plano de James Murphy propõe a criação de harmonias básicas para as estações com menos passageiros, e outras complexas para as mais concorridas. As notas também poderão ser tocadas em sequência, sendo que cada uma das 468 estações de metro nova-iorquinas irão ter a sua nota própria.
Até 2019, todos os passageiros terão de entrar nas estações através de smartphones, cartões ou chaves, todos eles com chips electrónicos. É aqui que poderá entrar o projecto de Murphy, ainda que o próprio metro não seja fã da solução. “É uma ideia muito engraçada”, explicou Adam Lisberg, porta-voz do metro, mas dificilmente será aprovada.
É que, para ser colocada em prática, todos os 3.289 torniquetes do metro terão de ser mudados, o que implicaria pôr em causa as rotinas de 5,5 milhões de pessoas que utilizam o metro nos dias de semana.
Por outro lado, esta mudança implica algum investimento financeiro, algo que o metro não está disposto a fazer com um projecto artístico. Finalmente, os torniquetes podem não estar preparados para o projecto.
Ao WSJ, James Murphy diz que se inspirou nos metros de Tóquio e no aeroporto de Barcelona para chegar a este conceito. Em 1990, quando andou pela primeira vez no metro de Tóquio, ficou surpreendido pelas vozes agradáveis do sistema e “beeps incrivelmente gentis”. Do aeroporto de Barcelona, Murphy elogia a assinatura de quatro notas antes de qualquer anúncio.
“Em Nova Iorque, actualmente, temos o gritar indistinto e o horrível ‘fizeste algo de mal’. Fiquei obcecado com esta ideia de que, em vez de rude, a mudança pode ser linda”.
As primeiras abordagens de Murphy às autoridades nova-iorquinas datam de 2001, mas até agora sem sucesso. Aparentemente, ainda não é desta que o metro de Nova Iorque se torna num projecto de boa música.
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