Seca: Agricultores do litoral alentejano preocupados com falta de pastagens



A falta de chuva no litoral alentejano está a deixar os agricultores da região “muito preocupados” e com dificuldades em garantirem pastagem para a alimentação dos animais e água para as sementeiras.

Ana Matias, da Associação de Agricultores do Litoral Alentejano (AALA), explicou hoje à agência Lusa que os associados desta entidade são sobretudo “produtores de animais”, que “precisam de pastagem para a alimentação do gado”.

E, este ano, “está muito complicado, porque não chove”, acrescentou a mesma técnica e porta-voz da associação.

A maioria das explorações pecuárias da zona é em regime extensivo e os “animais alimentam-se do que têm nas terras”, explicou a responsável, admitindo que, se não chover até ao verão, “vai ser muito complicado”.

“Não havendo pastagem, não há alimento e tem tudo de ser comprado”, lamentou Ana Matias, referindo tratar-se de “um investimento brutal” que os agricultores “não conseguem comportar”.

Além da pastagem dos animais, também “as sementeiras precisam de água” e “os preços de todos os produtos que os agricultores precisam para a atividade estão a aumentar drasticamente”, alertou.

“As rações estão mais caras, os produtos estão a encarecer bastante” e, depois, este problema que os agricultores enfrentam agrava-se porque “não têm água sequer para a pastagem, que normalmente é natural” e, quando existe, “sempre combate alguma falta de investimento em ração”, considerou.

De acordo com a porta-voz da associação, que abrange os concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines, no distrito de Setúbal, e Odemira, no de Beja, não existe uma zona “mais crítica” devido à falta de chuva.

“Aqueles que têm a sorte de ter uma barragem ou uma charca vão-se aguentando um bocadinho melhor. Uns têm, outros não, depende do sítio, mas penso que está muito por igual, não temos uma zona pior”, frisou.

Já os associados que se dedicam à produção agrícola, dependem em grande parte “do regadio” e “têm de comprar água”, num “investimento que se torna muito caro para a rentabilidade” da atividade, acrescentou.

A representante da organização, que conta com cerca de 300 associados, perspetivou um ano “muito complicado” para os agricultores, que contabilizam apenas “cinco a seis dias de chuva”, mas ainda mantém a esperança “nos meses de março e abril”.

Para colmatar algumas das dificuldades e face ao aumento dos preços, a associação “tenta encontrar todos os apoios para ajudar os agricultores”, embora “a chuva seja a melhor ajuda”.

Mais de metade do território de Portugal continental (57,7%) estava, no final de dezembro, em situação de seca fraca, tendo-se registado uma ligeira diminuição na classe de seca severa e um aumento na seca moderada, segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

O Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH) divulgou dados, no início de janeiro, que indicam que as bacias do Barlavento algarvio (com 14,3%) e do Lima (com 22,2%) são as que apresentavam no final de dezembro a menor quantidade de água armazenada.

Com menor disponibilidade de água estavam também, no final de dezembro, as bacias do Sado (41,6%), Mira (41,9%), Cávado (47,3%), Ave (52,8%), Arade (54,4%) e Tejo (56,6%).

Já as bacias do Douro (57,1%), Oeste (62,9), Mondego (66,5%) e Guadiana (76,1%) tinham os níveis mais altos de armazenamento no final de dezembro.

Treze das 60 albufeiras monitorizadas tinham, no final de dezembro, disponibilidades hídricas inferiores a 40% do volume total, enquanto sete apresentavam valores superiores a 80%.





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