Seca: Conhecimento e tecnologia facilitam gestão mais rigorosa na agricultura



O conhecimento e a tecnologia são ferramentas com papel determinante na agricultura atual, permitindo aos produtores agrícolas fazer uma gestão mais rigorosa da água em tempos de seca, disse o técnico de uma exploração de abacates no Algarve.

Diogo Gaspar trabalha para empresa JBI, que tem 320 hectares de culturas de abacate na região, e destacou a importância da utilização de sondas nos terrenos para saber em tempo real a água que está no solo e os nutrientes que são necessários para a planta ter um desenvolvimento ótimo e alcançar a maior produtividade possível.

O contacto com o técnico da JBI foi feito durante uma visita de jornalistas a um conjunto de produções agrícolas onde a tecnologia e a inovação são uma realidade, organizada pela iniciativa B-Rural, que é promovida pela Consulai, empresa de consultoria na área da agricultura e floresta, e cofinanciada pela Comissão Europeia.

Os principais objetivos da B-Rural passam por valorizar a agricultura e a floresta num cenário de alteração de condições naturais e de escassa disponibilidade de recursos, como acontece atualmente com a água no Algarve, devido à seca.

Durante a visita a uma das explorações da JBI no Algarve, em Tavira, Diogo Gaspar sublinhou que a empresa faz “rega gota a gota” e “monitoriza a rega através de sondas”, dispondo de “informação atualizada hora a hora” que mostra “o comportamento da água no solo”, para garantir que “não se faz rega a mais nem a menos”.

Os nutrientes também são monitorizados com sondas e com análises às folhas, permitindo fazer uma gestão o mais ideal possível dos nutrientes que são aportados às plantas, acrescentou.

João Sardo, outro técnico que também trabalha na JBI, destacou a importância de as sondas darem leituras de registos aos 20, aos 40 e aos 60 centímetros de profundidade, facilitando “a gestão da adubação e da rega”.

“Em termos de tratamento com fitofármacos, praticamente não fazemos, não aplicamos herbicidas”, afirmou João Sardo, frisando que o controlo de ervas infestantes é feito com a utilização de ovelhas que pastam nos pomares e a polinização é favorecida com a colocação de colónias de abelhas no meio das explorações.

Os ramos provenientes das podas são também triturados e depois espalhados pelo terreno, criando uma cobertura que evita o crescimento de infestantes e favorece a retenção de água no solo, observou.

A empresa produz cerca de 1,5 milhões de toneladas de abacates e consegue uma produção média de 12 toneladas por hectare nos pomares mais velhos, e de cerca de quatro toneladas nos mais novos, dirigindo 95% da sua produção para exportação, quantificou o técnico da empresa.

Estes valores são alcançados com uma rega que tem ficado “30% abaixo das dotações que o próprio COTHN [Centro Operativo Tecnológico Hortofrutícola Nacional] dá” como referência de consumo para um hectare de pomar de abacateiros.

“Andamos entre os 4.000 e os 5.000 metros cúbicos por hectare. E o COTHN recomenda 6.600 metros cúbicos por hectare. Este ano ainda estamos a ser mais exigentes connosco próprios por causa da questão da falta de água, porque ainda não sabemos se em julho teremos água para regar ou não”, garantiu, sublinhando que a poupança de água pode ainda ser maior e o ano “acabar entre os 3.500 e os 4.500” metros cúbicos de água por hectare.

João Sardo deu o exemplo do atual mês de março, durante o qual apenas foi feita rega no dia 07, beneficiando também das chuvas que desde o início do ano caíram no Algarve e aumentaram os níveis de humidade no solo.

“Graças a essas chuvas, temos conseguido regar uma vez por mês. E se houver necessidade de rega, e dentro de dias houver previsão de chuva, espera-se”, disse ainda o técnico da empresa.





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