Susana Caseiro: “Fundei a Plantit porque percebi o interesse que a minha horta despertava entre familiares e amigos”



Aos 23 anos, quando se licenciou em Engenharia Biológica pela Universidade do Minho, Susana Caseiro já sabia que, um dia, iria ter um projecto por conta própria. Após nove anos de diferentes experiências profissionais, a empreendedora lançou a Plantit, uma empresa cria hortas e jardins ecológicos em espaços urbanos ou locais com limitação de área e solo.

O Green Savers entrevistou Susana Caseiro e juntou o útil ao agradável: a apresentação de um projecto baseado na sustentabilidade e agricultura biológica; e a publicação de dicas sobre como ser empreendedor. (e pode ver também a tabela de preços da Plantit)

O que a levou a fundar a Plantit?
Quando percebi o interesse que a minha horta lá em casa despertava entre familiares e amigos. Todos diziam que gostariam de ter uma igual mas que simplesmente não percebiam nada de agricultura ou não tinham espaço para o efeito. Depois pensei em colmatar as necessidades mais exigentes, no caso de falta de solo para cultivo (por exemplo em apartamentos).

Pensei de igual forma poder ter uma solução que pudesse obedecer aos princípios do desenho universal – acessibilidade para todos, independentemente das suas condições físicas. Foi então que considerei a ideia de desenvolver diferentes sistemas de cultivo adaptados a necessidades diferentes como, por exemplo, a mesa de cultivo (Kit Plant bio® universal) e o recente produto lançado – Kit Plantit.

Qual o investimento financeiro inicial do projecto? Teve ajudas do IAPMEI e IEFP. De que valor?
O IAPMEI, nomeadamente o programa FINICIA, apoiou numa fase ainda de ideia (cerca de seis meses antes da criação da empresa) a elaboração de um plano de negócios. Posteriormente a Plantit foi auto-financiada pelo IEFP. O investimento inicial foi cerca de €25.000 (R$ 56.726), dos quais cerca de metade foram dirigidos para o desenvolvimento de soluções.

Que apoio teve da Universidade do Minho (UM)?
Facilitar numa fase inicial (fase de ideia), a informação sobre as diferentes etapas a seguir e ultrapassar para permitir materializar a ideia, bem como informação referente à protecção da propriedade industrial. Falo, em particular, da TECMinho. Houve ainda o apoio dado na divulgação das soluções Plantit (por exemplo, a exposição dos produtos Plantit em Novembro de 2011 e 2012).

Durante os anos em que estudou Engenharia Biológica, na UM, sempre pensou em ser empreendedora? E, se sim, teve sempre em mente uma empresa como a Plantit?

Logo depois de terminar a licenciatura idealizava um dia estabelecer um negócio. Na altura, com 23 anos, tinha várias ideias mas não sabia ainda bem o que queria. Sempre tive a noção de que da “teoria à prática iria uma longa distância” e admitia que seria prematuro, da minha parte, iniciar um projecto sem conhecer outras realidades empresariais.

Tinha contudo como objectivo estipulado que, independentemente da carreira profissional que viesse entretanto a desenvolver, o objectivo seria iniciar, até aos 30 anos, um projecto por conta própria. Após nove anos (aos 32 anos de idade) de diferentes experiências profissionais, considerei que valeria a pena arriscar e, porque não, a fazer aquilo que me traz imenso gozo, numa área ligada à agricultura biológica.

A agricultura e a jardinagem sempre me “apaixonaram”, sempre adorei o contacto com a terra e natureza (estive de alguma forma sempre ligada a estas áreas pelas minhas origens – filha de agricultores e mais tarde pela formação – área de especialização ligada à protecção ambiental). Considero que a Plantit foi criada, ou seja, todo o conceito Plantit foi inspirado num misto destas duas áreas: agricultura e jardinagem.

Onde vê a sua empresa dentro de dez anos?
Acredito vivamente que a agricultura é uma “área de futuro”, nomeadamente a agricultura urbana e biológica. Daqui a 10 anos, a Plantit vai ser reconhecida como uma marca de referência nestas áreas, tanto na oferta de serviços especializados como de produtos relacionados.

Já pensou na internacionalização? Para onde?
A internacionalização foi considerada desde o primeiro passo de materialização da ideia. A internacionalização da empresa está a ser considerada, para alguns países da Europa com grande interesse nestas temáticas de hortas de varanda.

Tem projectos, sobretudo, na área de Braga. O objectivo é ficar pelo Minho, ou estar presente noutros pontos do país?
O âmbito geográfico considerado desde o início, em termos de projectos específicos e serviços, foi o território nacional. Os produtos já são comercializados, por canais directos de venda, a nível nacional. A Plantit tem também estabelecidas algumas parcerias, em termos de representação, em várias cidades, e pretende avançar com este tipo de representação de modo a cobrir actuação dos serviços especializados a todo o território.

Se eu quiser que a Plantit me ajude a criar uma horta caseira, o que tenho de fazer? E qual o processo da trabalho da Plantit e custo desta “ajuda”?
Após consulta da Plantit, é questionado ao cliente o local onde pretende que seja instalada a horta (na varanda, pátio, cobertura, jardim, relvado, etc.). Seguidamente, após a escolha do sistema mais adequado (escolha do produto Plantit), solicita-se que o cliente possa escolher as variedades de legumes/aromáticas/mini-frutos que pretende cultivar (escolha até 10 variedade/m2).

Após esta escolha, a Plantit desenha o plano de cultivo e agenda a instalação da solução. Existe a opção de ser o cliente a instalar a solução. Caso contrário, a Plantit fornece a solução de forma integrada – com serviço de instalação e fornecimento de todos os factores de produção (substratos, plantas, sementes). Em qualquer umas das opções, a Plantit garante apoio online ao cliente de modo a proporcionar-lhe conhecimento para que tenha sucesso nos cultivos instalados.

Os custos variam de acordo com as opções consideradas pelo cliente. Esta é a tabela preços geral (onde constam os custos com e sem instalação).

Quantos funcionários/colaboradores tem a Plantit? Planeia mais contratações?
Neste momento a Plantit emprega apenas uma pessoa, eu própria. Recorreu à subcontratação de diferentes tipos de trabalhos especializados, nomeadamente na área do design de produto, comunicação e marketing, bem como engenharia agrícola. Até ao final do 1.º trimestre deste ano conta de poder criar outro posto de trabalho.

Quanto facturou a empresa em 2010 e quanto espera facturar em 2011?
A Plantit iniciou a comercialização das soluções Plant bio ® apenas em Outubro de 2010. Os valores de facturação são: 2010: €3.000 (R$ 6.800) e 2011: €10.000 (R$ 22.600).

Que conselhos daria a um empreendedor que está agora a começar? Que erros deverá evitar para ser bem sucedido?
Deverão, acima de tudo, acreditar no negócio e serem, sem dúvida, muito persistentes para conseguir, numa primeira fase, passar da ideia ao modelo de negócio propriamente dito. Estar atento às mudanças que ocorrem é igualmente importante. Considero que nem sempre é necessário ser o mais forte nem mesmo o mais inteligente, mas conseguir a adaptação constante às mudanças.

Em breve, a Susana vai pedir a colaboração do Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP) para desenvolver novos produtos e contactar outros departamentos da universidade. Que projecto é este?
A colaboração da UM, nomeadamente do PIEP, está prevista para apoio na concepção e desenvolvimento de outras soluções, quer em termos de produto/equipamento quer em termos de projectos específicos para determinados públicos-alvo já identificados.





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