Projecto espanhol armazena frutas e vegetais feios para pessoas em situação vulnerável
O que acontece à fruta e vegetais feios que são rejeitados pelas superfícies comerciais? Em todo o mundo, grande parte destes produtos são desaproveitados e juntam-se ao desperdício alimentar global. Mas não em Barcelona, Espanha.
Um grupo de três cidadãos fundou recentemente a Espigoladors, uma iniciativa que envia voluntários para os campos para apanhar os restos da produção frutícola e distribuí-os pelos mais vulneráveis economicamente e desempregados.
Entre estas frutas e vegetais rejeitados encontram-se batatas, limões ou até abóboras. Todas com formas estranhas. Ou feias.
“Criámos este projecto para dar dignidade a quem utiliza restos alimentares”, explicou Mireia Barba, uma das fundadoras do projecto.
No último ano, a Espigoladors entrou em contacto com agricultores da região nordeste da Catalunha, oferecendo-se para colher os produtos que ficam nos campos por razões estéticas, por estarem demasiado maduros ou porque não compensa retirá-los dos campos.
Os voluntários são recrutados através dos serviços sociais da região – entre desempregados ou pessoas com grandes dificuldades de subsistência. A Espigoladors envia entre 10 a 20 pessoas a cada quinta, que em poucas horas recolhem os produtos que por lá ficaram. Depois, eles podem levá-los para casa. Os restantes vão para as cozinhas comunitárias.
“As pessoas enviam-nos emails a explicar que estão desempregadas e numa situação vulnerável. E não querem ir a igrejas ou bancos alimentares – por isso vêm até nós”, conta Barba.
O projecto já assinou contrato com mais de 30 produtores e distribuidores, que dão 24 horas para que os voluntários recolham os produtos que sobram. As doações começam a partir dos 200 quilos de eventual desperdício alimentar.
No primeiro ano, a Espigoladors recolheu 70.000 quilos de alimentos. O próximo passo é criar empregos para desempregados – uma parte dos produtos são transformados em sopas, compotas e sumos vendidos sob a marca Es Im-perfect. Será possível desenhar um projecto idêntico em Portugal?
Foto: Ruth Hartnup / Creative Commons