Depósito de resíduos representa 11,5% das ocorrências da avaliação das ribeiras nos Açores



O depósito de resíduos em ribeiras nos Açores diminuiu, mas continua a ser a segunda maior causa de ocorrências nestes locais, representando 11,5% dos casos detetados num relatório apresentado ontem pelo secretário regional do Ambiente e Alterações Climáticas.

“Apesar de se ter verificado uma melhoria ao nível do abandono e do depósito de resíduos, a verdade é que continua a ser a segunda tipologia mais frequente. Representa 11,5% dos casos, com incidência maioritariamente nas ilhas de São Miguel e Terceira”, adiantou o secretário regional do Ambiente e Alterações Climáticas, Alonso Miguel.

O governante falava aos jornalistas, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, à margem da apresentação do Relatório do Estado das Ribeiras dos Açores, referente ao ano de 2022.

Alonso Miguel disse que o depósito de resíduos em ribeiras ainda é “muito representativo” e admitiu a necessidade de reforçar as ações de sensibilização da população.

“É verdade que temos tido uma evolução positiva, mas é preciso continuar a trabalhar e a melhorar. Isso carece de um reforço de ações de sensibilização, coisa que a secretaria regional tem vindo a fazer ao longo destes dois anos e que planeamos continuar a intensificar para conseguirmos baixar ainda mais a representatividade deste tipo de prática”, vincou.

A maioria das ocorrências detetadas estava relacionada com a obstrução de linhas de água, provocada por intempéries, situações que tendem a aumentar nos próximos anos.

“O que é expectável é que aumente a frequência e a intensidade de episódios de eventos meteorológicos extremos e, assim sendo, o que é facto é que se espera que possa continuar a aumentar o número de ocorrências. Nesse sentido, ter as linhas de água devidamente mantidas, limpas, desobstruídas é um grande contributo para que nós possamos mitigar o efeito desse aumento de ocorrências”, frisou o titular da pasta do Ambiente.

No período entre setembro de 2021 e setembro de 2022 foram feitos 533 novos registos de avaliação da situação das ribeiras nos Açores, o segundo maior número desde que o executivo açoriano deu início ao relatório, em 2014.

“Foram detetadas 228 novas ocorrências, um valor que está bastante acima da média dos últimos cinco anos e que se fica a dever essencialmente à enorme frequência de intempéries e de episódios de precipitação intensa no ano de 2022”, explicou Alonso Miguel.

A avaliação envolveu 228 bacias hidrográficas, com cerca de 560 km de extensão, mas a região tem mais de 700, num total de 7.000 km de extensão.

O secretário regional do Ambiente sublinhou, por isso, a importância do relatório para priorizar as intervenções.

“Os meios são finitos, são em alguns casos escassos, daí haver a necessidade de fazer uma priorização das intervenções, mas todos os departamentos do Governo Regional e todos os municípios, visando proteger as suas populações e bens, têm interesse em resolver rapidamente estas ocorrências. Há um grande esforço de todas as entidades que intervêm neste processo para fazê-lo o quanto antes e com a maior eficiência possível”, apontou.

Das ocorrências detetadas no relatório, apenas 28,2% apresentavam necessidade de intervenção urgente e 6,3% muito urgente.

Neste momento, estão identificadas nove situações muito urgentes, uma no Faial, três no Pico e cinco em Santa Maria.

“Muitas vezes, estamos a falar de derrocadas, movimentos de vertente, estreitamentos de linha de água, que são situações que carecem de uma intervenção urgente. Quando assim é, rapidamente é determinada a responsabilidade de intervenção e é comunicada essa necessidade de urgência”, explicou o governante.

O Plano de Investimentos da Região para 2023 contempla uma verba de cerca de 800 mil euros para manutenção e requalificação da rede hidrográfica, para além dos trabalhos de manutenção regulares.





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