Ambiente: quais os riscos do uso generalizado da biomassa florestal?



A associação ambientalista Zero defende que a proposta do Governo de criação de um regime especial e extraordinário para a instalação e exploração de novas centrais de valorização de resíduos de biomassa florestal residual “comporta graves impactos negativos”.

Para a Associação Sistema Terrestre Sustentável um dos principais riscos desta medida está ao eventual sobredimensionamento das centrais de valorização de biomassa, que pode “facilmente obrigar à indesejável queima de madeiras de qualidade para dar resposta às necessidades de retorno e de equilíbrio financeiro das entidades gestoras”.

Segundo a Zero, existe igualmente o risco de não se potenciar sinergias entre as centrais de valorização de resíduos de biomassa florestal residual e outras unidades industriais a jusante, designadamente do sector agro-alimentar, visando o aproveitamento do vapor produzido e a maximização da eficiência energética do processo.

Como exemplo para aquilo que defende como sendo um risco ambiental, a Zero apresenta o caso da central de biomassa em Mortágua, que tem uma eficiência relativamente reduzida e é exclusivamente utilizada para produção de electricidade, bem como as duas centrais, entretanto, aprovadas para o Fundão e Viseu.

“Teme-se que a falta de sensibilidade por parte dos decisores públicos e privados inviabilize uma visão integrada dos processos industriais, assente na diminuição de custos operacionais das empresas beneficiárias a agregar e na valorização de áreas industriais promotoras de emprego local”, alerta Paulo Lucas, representante da Zero.

Assim sendo, para a Zero o actual Governo devia ter ido mais longe, alargando suficientemente o conceito de valorização de resíduos de biomassa florestal e expandindo a existência de unidades industriais de pequena dimensão para produção de ‘pellets’, fomentando-se o seu uso nacional. Segundo a Zero, a utilização de ‘pellets’ em vez de lenha pode contribuir para reduzir a poluição atmosférica, com elevados impactes na saúde humana.

O lançamento desta discussão para a espera pública por parte da Zero surge na véspera do Dia Internacional das Florestas. Em comunicado a associação anuncia igualmente que se associou a 39 organizações europeias para contestar a tentativa da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) de promover a queima de biomassa como ferramenta de combate às alterações climáticas. Para a Zero, a FAO ignora “os graves impactes negativos da utilização da biomassa sobre o ambiente, as comunidades locais, a saúde das pessoas, o clima e, sobretudo, sobre as florestas”.

Foto: via Creative Commons 





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