BIT: adivinhar o futuro da mobilidade com talento português



Entre 2025 e 2040, o transporte individual será substituído pela escolha individual do modo de transporte. Ou seja, as pessoas dependerão menos de um só meio de transporte (carro, autocarro, metro ou comboio), em detrimento de um sistema de informação – e do encaminhamento e pagamento que lhes permitam a optimização do seu tempo e dinheiro. “[Isto será feito] através de soluções multimodais, suportadas em sistemas inteligente”, explica ao Green Savers o CEO da BIT (Brisa Inovação e Tecnologia), Jorge Sales Gomes.

Outra das grandes mudanças, na área da mobilidade, leva-nos para uma “crescente complexidade das soluções e dos sistemas de mobilidade”. Aqui, eficiência energética e capacidade serão as palavras-chave. “Muitas grandes alterações ocorrerão num horizonte temporal de 15 a 20 anos”, explica o executivo.

Adivinhar o futuro não é fácil – muito menos na área da mobilidade – mas é isso que fazem, todos os dias, 60 investigadores da BIT. “Há algumas tendências que se estão a desenhar com clareza”, continua Sales Gomes.

A BIT é uma das faces menos visíveis da Brisa – menos visível, claro, para o cidadão comum. Ainda assim, vários dos projectos desenvolvidos nesta oficina de inovação são conhecidos dos portugueses.

Fundada em Dezembro de 2009, depois da fusão da BAER (Brisa Acess Electrónica Rodoviária) e a DIT (Direcção de Inovação e Tecnologia) da Brisa, a BIT foi responsável, por exemplo, pelo sistema de reconhecimento automático de matrículas, já exportado para os Estados Unidos (concessão Northwest Parkway), que permite a cobrança de portagens através de fotografias.

Mas há mais inovações: desde o desenvolvimento de todas as máquinas de pagamentos de portagens instaladas na rede Brisa, Brisal, Atlântico e Auto-estradas de Portugal, até ao sistema EasyToll e às soluções associadas ao sistema Via Verde – acesso a bairros históricos, ferries de Troia ou parques de estacionamento.

“Funcionamos num modelo de inovação aberta. A inovação passa, cada vez mais, por processos de desenvolvimento colaborativos, nos quais equipas internas trabalham, em conjunto, com equipas de empresas parceiras”, explica o CEO da BIT.

Dinamização da economia portuguesa

Os 60 investigadores da empresa dinamizam, actualmente, cerca de 100 projectos – alguns encontram-se na fase exploratória, outros já estão na parte do investimento. Os investigadores estão ligados às universidades com as quais a BIT tem protocolos de parceria, com destaque para o ISEL (Instituto Superior de Engenharia de Lisboa), Universidade de Aveiro e Universidade de Coimbra. Nos últimos três anos, o financiamento a estas três instituições ascendeu a €1,3 milhões.

Segundo Jorge Sales Gomes, a BIT funciona com um sistema de inovação aberto, assumindo o papel de “orquestradora”. “O desenvolvimento de novos produtos é feito com recurso a uma fábrica virtual, em que cada um está focado naquilo que faz de melhor”, explica o gestor.

Assim, a BIT assume um verdadeiro papel de “catalisador de inovação”, contribuindo par a “riqueza do País, por substituição das importações, e dinamizando o conhecimento e indústria nacional”.

“Recorremos a empresas de diferentes sectores de actividade, desde a indústria – metalomecânica e moldes – aos serviços, como a consultoria”, continua.

Elegendo o sistema Cashless, implementado na concessão Nortwest Parkwy, nos Estados Unidos, como “projecto mais emblemático” da BIT, Jorge Sales Gomes garante que a empresa não está limitada à área de actuação da Brisa. O número de start-ups que já nasceram da BIT é a prova: “Já nasceram oito start-ups devido ao modelo de inovação da BIT. E a BIT não tem qualquer relação accionista ou de financiamento com estas entidades, apenas garante, durante um determinado período, uma carteira de encomendas”, frisa.

Hoje, estas start-ups já têm a sua própria carteira de clientes. Nos últimos três anos, a BIT proporcionou a estas empresas um volume de negócio na ordem dos €7,1 milhões, um investimento que teve também impacto ao nível dos recursos humanos.

Na verdade, a inovação gerada pela BIT tem potenciado a criação de valor para a empresa-mãe, calculado em €186 milhões entre 2003 e 2009. O investimento em I&D, no mesmo período, foi de €11 milhões. Por outro lado, entre 2010 e 2011 a BIT encomendou cerca de €32 milhões a empresas portuguesas, entre produtos e serviços.

Assim, a empresa investiu €40,5 milhões, em Portugal, entre 2010 e 2011, entre fornecedores, start-ups e universidades.

Portugal continua forte na investigação

É nas universidades que está o futuro da BIT. E nem a crise económica e eventual ida de investigadores portugueses para o estrangeiro assusta a empresa. Jorge Sales Gomes garante que Portugal continua a produzir investigadores de grande qualidade na área da mobilidade, e que a própria empresa é um elo de ligação a uma saída profissional dentro de casa.

“As empresas não podem, nem devem, substituir-se ao Estado. No entanto, a sua responsabilidade social deve passar, também, pelo apoio à economia nacional, nas suas diferentes vertentes. Ao apoiar as universidades, estamos não só a contribuir para a melhoria da sua situação económico-financeira, como também para a promoção e desenvolvimento do know how nacional”, conclui o CEO da BIT.





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