Brasil ainda não aderiu aos telhados verdes

Não é perceptível para a maioria dos transeuntes, mas a sede da Prefeitura Municipal de São Paulo tem um telhado verde, com um dos mais bem conservados jardins de edifícios públicos do Brasil, com dezenas de espécies catalogadas. A prática, contudo, não é comum no Brasil, ao contrário do que acontece em Nova Iorque, nos EUA, ou no Canadá, onde os construtores são incentivados a trocar as telhas por vegetação e ainda têm desconto nos impostos prediais.

A solução é muito eficaz para equilibrar o comportamento térmico dos edifícios, uma vez que as plantas ajudam a baixar a temperatura, mas também evitam que o prédio arrefeça de uma forma exagerada. Os telhados com cobertura vegetal favorecem ainda o isolamento acústico e diminuem o impacto das chuvas ao reter parte da água, reduzindo o volume das enxurradas. A biodiversidade é favorecida, porque pássaros são atraídos para centros urbanos, e a poluição diminui significativamente.

Apesar de todas as vantagens, este recurso ainda não é amplamente adoptado porque a sua aplicação exige muita técnica e, consequentemente, dinheiro. Ao contrário do que acontece na Alemanha, onde 15% dos edifícios têm biocoberturas, no Brasil o conhecimento é detido por um número limitado de especialistas. Os peritos têm sempre de ser consultados, porque há o risco de acidentes se o trabalho for mal realizado, como é o caso das sobrecargas ou dos problemas de impermeabilização.

Para o paisagista Benedito Abbud, citado no artigo do Planeta Sustentável, políticas públicas seriam de grande ajuda para estimular a presença do verde em espaços essencialmente urbanos. Em São Paulo, o Projeto de Lei 115/2009, que aguarda votação, determina a obrigatoriedade do telhado verde para prédios com mais de três andares, sem contrapartida financeira. No Rio de Janeiro, a autarquia está a estudar o caso. Sem incentivos fiscais ou motivações de outra ordem, as grandes construtoras costumam passar longe das biocoberturas, que geralmente exigem reforço estrutural prévio ou alguma adaptação para a instalação em prédios já edificados.