Cabo Verde pede “medidas urgentes” para ajudar pequenos Estados insulares



O ministro dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano pediu ontem, na Praia, “medidas urgentes” para ajudar os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS, na sigla em inglês) a combater os efeitos das alterações climáticas.

Numa intervenção na abertura da 3.ª Conferência Anual de Política Externa (CAPE) do país, Rui Figueiredo Soares disse que os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, de que Cabo Verde faz parte, estão entre os mais vulneráveis aos choques climáticos.

Por isso, o chefe da diplomacia cabo-verdiana pediu “medidas urgentes” para criar resiliência e operar as transições necessárias para as economias verdes e azuis.

Para o governante, a conferência é importante neste momento porque o país vai levar os seus resultados à quarta cimeira dos SIDS, que terá lugar em Antígua e Barbuda, nas Caraíbas, de 27 a 30 de maio.

Rui Soares afirmou que a cimeira vai servir para a comunidade internacional “reafirmar” o seu compromisso em apoiar o desenvolvimento sustentável dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento e criar de políticas e meios que respondam às suas necessidades.

“A necessidade de melhor acesso ao financiamento no geral e, climático, em particular, assim como de um melhor acompanhamento internacional dos SIDS, nomeadamente por parte das Nações Unidas, serão também objetivos a alcançar por via desta quarta cimeira”, completou.

A CAPE terá como convidado especial o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Cravinho, que vai na tarde de hoje fazer uma intervenção sobre o financiamento climático.

Rui Figueiredo Soares salientou que Cabo Verde já deu um “passo significativo” nessa matéria, quando converteu parte da dívida com Portugal em fundo para ação climática.

O acordo inicia com 12 milhões de euros, mas o objetivo é atingir a totalidade dos 140 milhões de euros da dívida bilateral do arquipélago com Portugal.

A comissária para Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável da Comissão da União Africana, Josefa Sacko, notou que o financiamento climático para os SIDS continua “chocantemente baixo”, apenas 2% foi para países insulares em 2021.

E lembrou que, nos últimos 50 anos, esses países perderam cerca de 153 milhões de dólares (141 milhões de euros) devido aos riscos relacionados com o tempo, o clima e a água.

“Estes efeitos podem ser invertidos através do aumento de investimento de adaptação na agricultura”, sugeriu, pedindo, por isso, um “financiamento climático adequado” para ajudar esses países a recuperar dessas perdas e para realizar “todo o seu potencial”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros disse que o país pretende que a sua diplomacia esteja “muito atenta” às ameaças globais, em especial às alterações climáticas, tema principal da terceira conferência de política externa, que acontece durante os próximos três dias, na capital do país.

Desafios da diplomacia no contexto das alterações climáticas, a geopolítica dos oceanos e mecanismos de governança para o desenvolvimento vão ser alguns dos temas debatidos durante a conferência, instituída em 2022.





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