Calças de yoga sustentáveis



Melissa Chu, natural de São Francisco, não desejava criar uma simples marca de roupa desportiva ecológica. Esta ex-instrutora de yoga, que cresceu num meio onde todos reciclam e procuram reduzir a sua pegada ecológica, queria criar uma empresa que fosse mais longe do que apenas usar algodão orgânico ou outros materiais virgens. E assim nasceu a RUMI X, cujo nome foi buscar inspiração ao de um poeta persa do século XIII. “Decidi que queria criar uma empresa onde transformássemos desperdício em roupas”, explica a jovem empreendedora em entrevista ao site FastCompany. “A nossa missão não é transformar algo natural, que existe na Natureza, em roupas. Queremos usar materiais que acabariam nos aterros ou nos oceanos e transformá-los em algo”, ou seja, dar-lhes nova vida.

E assim foi. A inovação está ao rubro em termos de utilização de reciclagem e materiais sustentáveis. Por exemplo, Chu encontrou um fabricante alemão que transforma o leite de vaca estragado em fio, adicionando-lhe um concentrado de proteína em pó. Outra empresa varre as cascas de sementes de linhaça dos moinhos de produção e transforma-a em uma fibra para a produção de tecido. Melissa acabou por escolher como parceiro inicial uma empresa do Taiwan chamada Singtex que usa uma combinação de café e velhos frascos de plástico para criar um tecido inovador. Uma t-shirt, por exemplo, é composta por três copos de resíduos de café e cinco garrafas antigas.

E porque muitos desses fabricantes estão agora a começar, também estão abertos a novas descobertas. Por isso, Melissa Chu consegue muitas vezes trabalhar em estreita colaboração com eles para desenvolver materiais calibrados e atender directamente às necessidades dos seus clientes, nomeadamente para o fabrico de calças, sutiãs e camisolas para yoga, que sejam simultaneamente flexíveis, suaves e orgânicos, ao contrário de acontece com muitas marcas de roupas desportivas, que usam materiais sintéticos.

Outra das vantagens de utilizar tecidos com origem em grãos de café, é que o tecido possui propriedades naturais de absorção de odores, o que é muito útil quando estamos a falar de uma prática desportiva e de países com climas quentes e húmidos, como era o caso de Hong Kong onde Melissa viveu.

A parceria mais recente da RUMI X é com uma empresa que está a fabricar tecido feito de cascas de caranguejo. Detentoras de um produto químico natural chamado quitina, um biopolímero que pode ser usado numa grande variedade de propósitos, incluindo fibras. Este material, que combina as conchas de caranguejo com viscose, é chamado Crabyon. É particularmente bom para o RumiX, porque possui qualidades naturais anti-bacterianas e antimicrobianas. “Ironicamente, é super macio”, diz Chu.

No site da marca, Melissa resume bem a sua ideia: “RUMI X nasceu das minhas três paixões: espiritualidade, ioga e natureza. Combinar esses elementos é o que acabou por inspirar a marca. Eu queria desenvolver algo que estivesse ligado à paixão pela prática de yoga e que honrasse a minha espiritualidade e fonte de energia, ao mesmo tempo  asssegurando que os nossos produtos fossem ambientalmente impactantes e contribuíssem para a solução, não fazendo parte do problema. RUMI X é sobre viver um estilo de vida consciente, cuidar de si mesmo e ser bom para o mundo ao seu redor. Nós cuidamos do nosso corpo, mente e alma e cuidamos de outros que nos rodeiam”.

Foto: Rumi X





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