CO2 na atmosfera atinge novo recorde. É agora 50% mais do que antes da era industrial



Os níveis de dióxido de carbono na atmosfera está agora mais de 50% acima dos que se registavam antes da era industrial (1850-1900), atingindo níveis sem precedentes nos últimos milhões de anos.

A conclusão é da Agência Meteorológica norte-americana, NOAA, que, através de medições feitas no seu observatório atmosférico no vulcão Mauna Loa, no Havai, aponta que em maio a concentração de dióxido de carbono estava nas 424 partes por milhão (ppm), um aumento de 3 ppm face ao mesmo mês de 2022.

“Todos os anos vemos os níveis de dióxido de carbono na nossa atmosfera a aumentarem como resultado direto da atividade humana”, explica Rick Spinrad, administrador da NOAA. “Todos os anos vemos os impactos das alterações climáticas nas ondas de calor, secas, inundações e fogos florestais que acontecem à nossa volta”, recorda.

Numa altura em que os países estão reunidos em Bona, na Alemanha, numa conferência para preparar as negociações da próxima cimeira climática global (COP28), que acontecerá em novembro no Dubai, o responsável aponta que “embora tenhamos que nos adaptar aos impactos climáticos que não podemos evitar, precisamos de fazer muito mais para cortar a poluição por carbono e proteger este planeta e a vida que faz dele a sua casa”.

As medições de CO2 atmosférico são apresentados pela NOAA sob a forma de uma Curva de Keeling, que mostra o aumento dos níveis desse gás com efeito de estufa desde 1958, ano em David Keeling, que empresta o nome a esse método de análise, começou a recolher medições para o Instituto de Oceanografia Scripps.

Curva de Keeling mostra o aumento sucessivo da concentração de dióxido de carbono na atmosfera da Terra desde finais da década de 1950. Em maio deste ano, os valores chegaram às 424 partes por milhão (ppm).
Fonte: NOAA Global Monitoring Laboratory

“O que gostávamos de ver era a curva a achatar-se e até a cair”, afirma o próprio Keeling, em comunicado, pois valores de dióxido de carbono acima das 420 ppm “não é bom”.

Para o especialista, estes números devem alarmar-nos a todos e mostram que, apesar de tudo o que temos feito até agora para tentar mitigar e reduzir as emissões, “ainda temos um longo caminho pela frente”.

Reduzir as emissões de CO2 para a atmosfera, geradas em grande medida pela queima de combustíveis fósseis, pela desflorestação, pela agricultura insustentável e pelo setor da construção, é apontada como a única forma de se poder evitar os piores efeitos das alterações climáticas. No entanto, na COP27 não foi possível, contrariamente às expectativas e aos apelos das organizações da sociedade civil e da comunidade científica, alcançar um compromisso global para o abandono progressivo dos combustíveis fósseis.

Assim, a pressão aumenta sobre os líderes mundiais para assumirem esse compromisso na próxima COP28, uma vez que, apesar de todos os discursos públicos, a concentração de CO2 na atmosfera continua a subir sem tréguas.





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