Dar a volta ao mundo a pé por uma boa causa



Aos 47 anos, Jean Beliveau atravessava uma fase difícil na vida – uma depressão – e tomou uma das mais incríveis e extraordinárias decisões que alguém pode tomar: dar a volta ao mundo a pé.

Estávamos a 18 de Agosto de 2000 e Jean saiu de casa, no Canadá, acompanhado por um carrinho de bebé de três rodas com mantimentos, roupa, um kit de primeiros socorros, uma tenda e um saco-cama. E foi caminhando, caminhando… até Outubro de 2011, quando regressou. Para trás tinham ficado 75.543 quilómetros percorridos e 53 pares de ténis gastos.

Um ex-vendedor de luzes de néon, Beliveau tornou a sua World Wide Walk numa acção para promover a paz e a não-violência, em prol de todas as crianças do mundo.

O canadiano passou pelo Brasil, África do Sul, Egipto, Marrocos, Europa (Portugal, Espanha, França, Irlanda, Escócia, Inglaterra e Alemanha), Turquia, Irão, Índia, China, Japão, Taiwan, Borneo, Indonésia, Austrália (do norte ao sul) e atravessou seis desertos.

Beliveau preparou-se durante nove meses para a viagem, viajando com apenas €2.670. A sua mulher, Luce, viajou 11 vezes para se encontrar com Beliveau.

A 2 de Dezembro de 2005, segundo o Blogue da Ave, Beliveau entrou em Lisboa, vindo de Rabat, Marrocos, e cruzou o país ao longo de 246 quilómetros. O canadiano foi entrevistado pelo Público na Avenida da Liberdade e passou sucessivamente pelo Seixal, Águas de Moura, Vendas Nova, Montemor-o-Novo, Arraiolos e Elvas, seguindo a 23 de Janeiro de 2006 para Badajoz, Espanha.

O momento mais delicado, contou depois, passou-se na Etiópia, onde pensou em abandonar a viagem. “Havia uma mistura de choque cultural e natural. É um sítio especial, onde as crianças dançavam ao nosso lado e tentaram falar comigo, ainda que não percebessem inglês. Mas uns dias depois estava tão cansado que não quis mais nenhum contacto”, declarou ao Mail Online.

Segundo o canadiano, a sua vida nunca correu perigo, uma vez que era protegido por gangs – como no Equador, Guatemala ou África do Sul – assim que estes percebiam que estava a caminhar por uma boa causa. “Na Guatemala, um membro de um gang deu-me dinheiro porque tinha sido uma criança-soldado e, dizia, tido uma má infância”.

Antes de Beliveau, apenas uma pessoa teria conseguido dar a volta ao mundo a pé, o norte-americano David Kunst, que percorreu 23.000 quilómetros ao longo de quatro anos, entre 1970 e 1974.

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